terça-feira, 18 de março de 2014

UMA BREVE HISTÓRIA DO TEMPO E DA VIDA


Do Big Bang aos tempos modernos - Rebbeka Cynthia

14,7 bilhões de anos atrás nascia o universo, de algo como uma explosão: o Big Bang! Elementos dançavam na imensidão sem vida, numa dança rítmica, mas monótona, até finalmente a grande orquestra se formar. E dali nasceria não só o universo, mas o tempo; e tempo havia de sobra para que esses elementos dançantes mostrassem novas surpresas.

Dali viria o Sol, estrelas- as quais explodiriam, e do seu pó seríamos formados... um bom tempo depois. Porque a nossa terra natal, nosso planeta, decidiu surgir a meros 4,5 bilhões de anos atrás. E a jornada estava apenas começando.
De uma “sopa primitiva”, num planeta fervilhando, viria a primeira célula, a primeira vida. Nosso ancestral. Dali em diante, “criar” variedades de células não seria assim tarefa tão complicada; a vida iria se tornando mais complexa com o passar do tempo. Ainda iria passar muitas eras, muitas espécies, uma extinção em massa... não havia sinais ainda que a raça-teoricamente- mais “superior” do mundo iria entrar em cena.

Em meados 250.000 anos atrás, viria o ancestral humano, o Homo Sapiens. E com as adversidades do seu meio ambiente, viria um cérebro que se adapta, que cresce, que coordena pensamentos e guia a espécie por completo. Não tínhamos garras como tigres nem força como um mamute, mas o cérebro assustadoramente grande (o qual mal cabia no crânio, sendo “obrigado” a engelhar ) ajudaria a espécie a sobreviver. Não há garras, mas há arco e flecha; não há força, mas há estratégia.

Depois de tanto sufoco, tanta História e estórias, tanta matança, superstição, aprendizado, invenção, impérios erguidos e derrubados, chega o ano 2013, o nosso tempo... o nosso presente. E aqui estamos nós: tentando fazer que a nossa estória também seja repleta de conquistas e reinados; tentando fazer com que as peças deste enorme quebra-cabeça se encaixem. Porque com um cérebro tão grande, pensamentos tornam-se complexos, mas claro que a emoção entra no meio, como um fardo e uma dádiva, então nos perguntamos e questionamos, e nos debatemos, porque queremos, PRECISAMOS entender, TER as respostas, embora nem sempre elas nos pertençam. Então erguemos nossos olhos para o céu, em busca de uma divindade, ou alienígena, ou espíritos dos nossos antepassados e bradamos: “AFINAL DE CONTAS, O QUE ESTAMOS FAZENDO AQUI??? QUAL É O SENTIDO DISSO TUDO???”

E claro, o ser humano tem uma tendência extraordinária a estragar tudo. Não que questionar seja inútil, ou fruto de arrogância... é o que faz a gente ser de fato gente. A questão é que temos essa tendência de querer “saber tudo”. E também de nos desesperarmos, e de inventarmos respostas quando não as temos. E é aí que a irracionalidade toma conta.

E a tendência de sempre querer mais, e mais, e mais, porém de nunca se estar satisfeito, nos bota pra correr dia após dia, aprendendo a acelerar a mente a mil por hora, a fazer mil coisas ao mesmo tempo, e formar mil planos para mil futuros alternativos. Se não está bem, troca de plano. Se a vida confortável e motorizada não parece estar completa, acrescenta um casamento, e um filho, e outro filho quem sabe, pras coisas fazerem sentido, pra que o vazio não chegue, o tédio não domine, o marasmo não canse, a desesperança não se instale.

Até o dia em que finalmente nos damos conta que a vida passou e não a vimos passar; que fizemos de tudo tão direitinho, mas nunca o quebra-cabeça pareceu tão bagunçado. E chega o momento em que a vida agitada tem que se aquietar, e os valores da vida têm que ser revistos.

É quando se dá conta que nada fez sentido, e que a curta vida nada mais foi do que um inútil e tedioso correr atrás de objetivos e um futuro confortável. Mas o sofá de seda italiana não será suficiente pra fazer um corpo tão exausto descansar; porque nesse corpo é como se houvesse espinhos.

E tudo parece ter sido em vão. E aí chega a suposta esperança de uma pós-vida, na doce ilusão de que agora a coisa será bem-feita, a vida não será desperdiçada, os minutos e momentos serão aproveitados. Mas aí se engole em seco, com o pavoroso pensamento: “E se no final das contas essa será a única vida que teremos?”

Quando penso em “sentido” da vida, nada me parece ou soa como verdade, como se o sentido fosse definido, pré-determinado, e que fomos pré-destinados a viver a vida X, Y, Z. Mal nos damos conta que a vida é muito maior, mais longa e mais bela que nossos planos tolos e expectativas idiotas. Somos meros pó de estrelas.
Quão bonitas são elas, porém. E essa vida meio que por acaso, meio que o resultado da sorte, “nasceu” de forma tão espetacular que o universo até teve que dançar. Meio sem ritmo, mas dançou. A música entoada pelo Big Bang era deveras bonita para ser ignorada.

E essa vida, tão curta, tão efêmera, com todos os seus pensamentos, momentos, danças, arpejos, descobrimentos, sorrisos, lágrimas, regada a solidão, companheirismo, tropeços, mãos estendidas, guerra, paz, ódio, doçura... ela não foi, nunca foi, não é e não será em vão. Porque senão, nada faria sentido.

E o sentido, meu amigo, quem acha e quem dá o mesmo à vida somos nós. E um dia, quando nos dermos conta da beleza que existe em nosso mundo, seremos gratos... por cada segundo de nossa pequena e patética vida. E nos encheremos de paz, e tudo voltará a fazer sentido novamente.

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