terça-feira, 4 de outubro de 2011

Paêbirú

Paêbirú, (Peabiru ou Paêbirú: Caminho da Montanha do Sol caminho que se estendia por mais de mil e duzentos quilômetros da costa brasileira do Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico) é um álbum brasileiro lançado no ano de 1975 por Lula Côrtes e Zé Ramalho. O disco contém uma grande miscelânea de gêneros musicais como o rock psicodélico, jazz, e ritmos regionais do Nordeste Brasileiro. Foi um dos primeiros discos não declarados da psicodélia brasileira.[1] O disco é hoje o vinil com maior valor comercial no Brasil. Bem conservado, um disco da edição original vale em torno de 4 mil reais.

Cultura

A principal inspiração dos musicos na criação do disco foi a Pedra do Ingá, situada no município de Ingá, no interior da Paraíba, que é hoje um dos monumentos arqueológicos mais significativos do mundo.
No decorrer da criação do disco, a variedade de lendas sobre Sumé – a entidade mitológica na qual os indígenas acreditavam antes da colonização – inspiraram além da faixa de abertura, diversas passagens do álbum. Outras entidades importantes da cultura brasileira comoIemanjá também são citadas no disco.

Álbum

Se trata de um disco de vinil duplo, com onze faixas. São composições dos próprios músicos, Lula Côrtes e Zé Ramalho. Dentre os músicos que contribuíram para a gravação do álbum, estão os renomados Alceu Valença e Geraldo Azevedo.
O álbum teve prensagem única de 1.300 exemplares. Destes exemplares, em torno de 1000 se perderam em uma enchente que ocorreu emRecife em 1975[2]. Junto com os exemplares perdidos, também foi destruída a fita máster. Este é o motivo para que uma das 300 cópias que se salvaram, tenha valor comercial médio de 4.000 reais, desbancando Louco por Você de Roberto Carlos.
A parte gráfica do disco ficou por conta de Katia Mesel, então esposa de Lula Côrtes. O encarte e capa foi resultado de várias idas até aPedra do Ingá.
Foi relançado no ano de 2005 em vinil e CD na Europa pelo selo Mr. Bongo. Nunca foi lançado no Brasil neste formato.


Música

O disco duplo é dividido em quatro lados, e cada um é dedicado a um dos quatro elementos da natureza: Terra, Ar, Fogo e Água, respectivamente. Além dos longos instrumentais psicodélicos, e ritmos regionais, também foram adicionados sons sintéticos paralelos ao tema dos lados.
No lado "Terra", os resultados foram conseguidos através de instrumentos como tambores, flautas, congas e sax alto. Efeitos como aves em voo também foram produzidos, porém não de forma eletrônica. Outros instrumentos típicos como o berimbau também foram utilizados.
No lado "Ar", foram introduzidas conversas, risadas, e suspiros, além de harpas e violas.
"Fogo" é o lado mais pesado do disco, onde o rock e a psicodelia estão em evidência. São usados sons de guitarra distorcida, órgão e um som menos acústico. "Raga dos Raios", é até hoje considerada a melhor peça de guitarra fuzz gravada no rock nacional[1]
Em "Água" são colocados fundos sonoros de água corrente, e letras em louvação a entidades que representam o elemento, além da incorporação de gêneros dançantes como o baião.


Pedra do Ingá

A Pedra do Ingá é atualmente um dos monumentos arqueológicos mais significativos do mundo, situada no município de Ingá no interior da Paraíba. Além de ser um dos mais belos e até pode ser nomeado intrigante e interessante. Constitui-se de uma formação rochosa em gnaisse.
Trata-se de um conjunto de pedras, onde há inscrições, cujas traduções são desconhecidas. Têm sido apontadas diversas origens, e há muitos defendem que a Pedra do Ingá tenha origem fenícia.
Nessas pedras estão esculpidas várias figuras diversas, representando animais, frutas, humanos, constelações e até a Via Láctea

Segundo se sabe, a Pedra do Ingá continua sendo a “pedra no sapato” dos estudiosos pela complexidade de suas figuras insculpidas na rocha e pelo seu sofisticado simbolismo. Possui cerca de 23 m de comprimento e na sua parte mais alta mede 3,5 m, exibindo uma face lavrada com cerca de 40 metros quadrados de misteriosos caracteres.  


O estranho monólito que compõe a Pedra do Ingá é conhecido praticamente desde a descoberta do Brasil, pois sabe-se que o mesmo foi citado pela primeira vez em 1.618, no livro Diálogos da Grandeza do Brasil, atribuído ao português Ambrósio Fernandes Brandão que, segundo os historiadores, se trata de uma obra excepcionalmente carregada de sentido doutrinário e ufanista. É provável que este monumento tenha seu lugar reservado entre os mais intrigantes enigmas arqueológicos já descobertos em nosso planeta. É sabido que se trata do maior, mais complexo e mais misterioso conjunto rupestre que reporta a um passado desconhecido e carrega consigo uma grande quantidade de caracteres e signos ainda por serem decifrados. Esta colossal pedra cifrada está localizada no Estado da Paraíba, na Serra da Borborema, município de Ingá, às margens do rio de mesmo nome, antigo Bacamarte, a 85 km de João Pessoa e a 35 km de Campina Grande. Na época das chuvas este grande monólito fica parcialmente encoberto pela água e no tempo seco pode ser visto em sua totalidade, além de que o leito do rio fica completamente seco, com apenas algumas poças d’água espalhadas em quase toda a sua extensão.

Como o acesso deste importante monumento arqueológico paraibano é relativamente fácil, afirmamos com tristeza que o mesmo vem sendo destruído através dos tempos por vândalos e exploradores de relíquias arqueológicas, correndo o risco de ser irreversivelmente inutilizado para futuras pesquisas e análises mais acuradas de seu conteúdo lítico. Mesmo assim, a Pedra do Ingá continua sendo um magnífico mistério, constituído de um grande monólito de granito assentado sobre o leito do Rio Ingá, com cerca de 23 m de comprimento e altura aproximada de 3,50 m na sua parte mais alta.

As inscrições da Pedra do Ingá se estendem por todo o seu dorso vertical, numa extensão de aproximadamente 16 metros. São, de fato, de uma estranheza indescritível e somente vendo-as de perto é que podemos perceber a complexidade de seus talhes bem elaborados e deduzir que, quanto mais tentamos retroagir no tempo para atribuir aos caracteres deste acervo arqueológico uma explicação simplista, de que teriam sido produzidos por povos primitivos ou indígenas, por exemplo, mais estes se distanciam de uma realidade palpável e mais seu mistério se densifica.

Pensa-se que suas insculturas foram executadas por meio de algum tipo de instrumento pontiagudo, que teria sido manipulado por homens daquela época, semi-bárbaros, até produzir os baixos relevos que ali se acham incrustados. O que não se pode explicar, entretanto, é que estes signos possuem um acabamento primoroso, como se tivessem sido elaborados por métodos muito avançados e não, simplesmente, por intermédio de pancadas ou ranhuras na pedra com ferramentas comuns. Definitivamente, este magnífico trabalho não poderia ter uma explicação tão destituída de imaginação como a que lhe é dada por alguns pesquisadores e não pode, simplesmente, estar ligado a tradições corriqueiras de povos que, sequer, possuíam alguma forma de escrita.

Por outro lado, não se tem notícia de que haja em outro lugar, no Brasil ou fora dele, um conjunto de inscrições rupestres que possam assemelhar-se ao deste monumento arqueológico da Paraíba, tal é a sua excepcionalidade e sua condição desafiadora, tanto em relação à sua forma e métodos utilizados, quanto à sua complexidade e execução de sua vasta petrografia. Além disto, suas insculturas parecem ter sido rigorosamente planejadas, traçadas e executadas, criando assim uma certa dificuldade junto aos estudiosos que pretendem transformá-las simplesmente em arte primitiva ou atribuir a sua feitura aos antigos trogloditas que teriam vivido naquela região. Pode-se dizer que este formidável mistério paraibano distancia-se, inequivocamente, de tudo aquilo que tem sido regularmente encontrado e pesquisado em outros locais do mundo no âmbito da arqueologia, constituindo-se de algo verdadeiramente ímpar no estudo arqueológico, e, até mesmo, podendo se dizer que de trata de uma incômoda “pedra no sapato dos pesquisadores”.

Desde a chegada dos conquistadores europeus ao Brasil que as itacoatiaras (pedras pintadas em tupi) têm sido encontradas e o questionamento sobre a sua origem teve início. Os antigos indígenas que habitavam estas terras (e mesmo os dos dias de hoje) sempre foram unânimes em afirmar que seus autores não foram os seus antepassados e que aqueles que as “escreveram” pertenceram a um passado bem longínquo, quando ainda havia livre convivência entre os homens e os deuses. Houve ainda quem veiculasse uma lenda a dizer que no interior da pedra se encontrava encerrado um grande tesouro, levando muitos vândalos e gananciosos em busca de riqueza fácil a tentarem quebrá-la, sem êxito, tirando-lhe apenas algumas lascas e danificando-a, irreversivelmente.

 
Detalhes dos enigmáticos caracteres da Pedra do Ingá.

À sua volta podem ser encontrados signos variados e outros enigmas a serem solucionados. Os estranhos e incompreensíveis caracteres semelhantes a ideogramas que ali podem ser vistos, espalhados por diversos lugares, possuem características, aparentemente, muito diferentes entre si. Alguns destes já se encontram bem desgastados pelo tempo, enquanto que outros podem ainda serem vistos com grande nitidez, como se tivessem sido fundidos na pedra. O leito seco do rio mostra inúmeros orifícios escavados na rocha em todo o seu percurso e se tratam de marcas deixadas pelo movimento da água em redemoinhos. Assemelham-se a bacias médias e pequenas e muito lisas, devido ao movimento contínuo da água. Porém, existem alguns poucos destes orifícios, com um diâmetro de, aproximadamente, 20 centímetros e uma profundidade de uns 40 centímetros, que parecem ter sido feitos com uma grande broca metálica, tal a precisão com que foram escavados. Suas paredes são lisas, com ranhuras, semelhantes aos dos furos que são feitos por equipamento metálico cortante e se diferem muito dos outros que se encontram por ali, mais rasos e deformados. Enquanto que os demais permitem que se possa ver a atuação da água corrente, estes outros não guardam as mesmas características e, a nosso ver, não podem ser assim considerados, como resultado de simples erosões da água sobre a rocha.

Do lado oposto à itacoatiara do Ingá, vamos encontrar um outro mistério. Existe ali uma pedra deformada de cor acinzentada, como se tivesse sido amassada, da mesma forma como o fazemos com o barro, contendo diversos caracteres gravados em seu dorso. Na sua parte superior esquerda, há uma depressão semelhante a um pé, como se alguém tivesse pisado ali, enquanto ela ainda estava mole, deixando uma marca bem profunda. Além disso, ela emite um sonido semelhante ao do sino quando é tocada com uma pedra e este som pode ser ouvido, até mesmo, se batermos nela com o nó dos dedos. Parece oca e emite um som metálico.

Toda esta região está coberta de enigmas desta natureza, além do maior deles que é a própria Pedra do Ingá e sabe-se que nas redondezas e em outros lugares mais distantes existem diversas outras inscrições de caráter estranho, monumentos megalíticos e histórias variadas sobre cada um deles.

Como já dissemos, em todo o leito do rio podem ser encontrados muitos caracteres de cunho desconhecido, que fazem com que o espectador se pergunte qual teria sido a importância de tudo aquilo para seus idealizadores e artífices ou qual teria sido seu significado. Considerar, simplesmente, que os agrupamentos humanos na antiguidade não tinham nada com que se preocupar, senão ficar “desenhando” em pedras e esculpindo em rochedos, é por demais destituído de criatividade e bom senso, considerando-se que, em determinados lugares, como na região do Ingá, por exemplo, tais demonstrações de “vagabundagem” são por demais complexas, carregadas de simbolismos expressivos, chegando, até mesmo, a alcançar uma certa exuberância inexplicável. Assim como pode ser observado nas culturas Marajó e Tapajós, em sua complexa simbologia e arte, um esmerado cuidado artístico e lógico, também aqui no monólito do Ingá vamos constatar o cuidado de seus construtores, que se reflete perante os pesquisadores como um sério problema a ser resolvido. É inegável que o tipo de cultura que teria sido responsável por este enigmático trabalho rupestre se coloca num grau muito superior ao de outros “trabalhos” líticos, regularmente encontrados em outras regiões e para alguns estudiosos seria mais cômodo se registros como estes jamais tivessem existido.

Seria lícito afirmar que tais caracteres tivessem sido produzidos por vias naturais, como erosão,
segundo alguns ou através de aranhões na pedra com ferramentas rudimentares?

Sabe-se que os índios cariris que habitavam na Serra da Borborema, próximo do Ingá, não possuíam um nível de cultura compatível com o grau de dificuldade que estas insculturas apresentam e não conheciam esses qualquer rudimento de escrita, apesar de terem uma vida bem mais longeva do que outros povos que ali viviam. Os pajés de sua tribo eram exímios em trabalhos de magia e ritos desconhecidos. Diziam que seu povo se originou de uma tribo de homens sábios que teria vindo de um lago encantado (seriam atlantes?). Quanto à Pedra do Ingá, diziam apenas que seus escritos estavam relacionados ao deus Tupã.

Já foram levantadas várias teorias sobre as enigmáticas inscrições da Pedra do Ingá, como por exemplo, o caso de Léon Clérot, que sugeriu que se tratassem de representações de plantas estilizadas, de figuras humanas, de animais e outros sinais desconhecidos. O arqueólogo Alfredo Coutinho Menezes disse tratar-se de figuras zoomorfas, dentre as quais se destacam pássaros e répteis, figuras fitomorfas como o abacaxi e espigas de milho. Mais recentemente, a itacoatiara do Ingá, foi estudada por Jacques Ramondot, que descobriu numa rocha no leito do rio, um conjunto de inscrições, bem desgastadas pelo tempo e pela água corrente, que entendeu ser o esboço de uma constelação. Esta representação assemelha-se a estrelas e mostra pontos interligados entre si, como num mapa, além de incluir outros signos, como uma espécie de serpentina e um disco, tipo solar, que parecem fazer parte do esquema astronômico.

Existem também algumas teorias estranhas a respeito das insculturas da Pedra do Ingá. Uma primeira afirma que aqueles sinais não passam de sulcos naturais na rocha, produzidos pelo tempo e suas variantes (chuva, vento, calor etc.). Para quem conhece este monumento lítico esta teoria seria classificada de, no mínimo, inapropriada, pois qualquer pessoa (mesmo um visitante comum) pode notar que se trata de um trabalho executado por mãos humanas ou um tipo de tecnologia que desconhecemos.

Uma segunda teoria afirma tratar-se de obras produzidas por indígenas ociosos que habitavam a região, que traçavam aleatoriamente riscos para indicar caminhos e outros sinais sem grandes preocupações de manterem coerência nas suas reproduções. Diante da complexidade das insculturas não podemos também concordar com esta teoria, que se apresenta pouco realista e radicalmente simplista para explicar algo de tamanha notoriedade.

Uma terceira teoria, ainda mais absurda, afirma que os signos da pedra lavrada do Ingá não passam de sulcos produzidos por amolação de facas e ferramentas indígenas, esquecendo-se seu formulador de verificar que certos caracteres se encontram a uma altura superior à de um homem comum. Esta condição obriga-nos a justificar que a precisão das formas insculpidas e a integridade de seus contornos, por si só, já desmoralizam esta tese, ainda que sejam observadas por um leigo em arqueologia.

Uma quarta teoria considera que aqueles signos tenham sido produzidos por visitantes europeus e asiáticos que teriam chegado até as Américas e se incursionado pelo seu interior, antes de Colombo e Cabral.

Há ainda uma quinta teoria, bem mais moderada, que relaciona estes signos a uma civilização bem mais remota e muito mais avançada, que teria vivido em terras brasileiras e se preocupado em deixar gravado em pedra uma mensagem para as futuras gerações.

Paralelamente, também existe aquela teoria de que tais caracteres sejam de origem alienígena, registros pétreos de uma raça extraplanetária que aqui esteve em um passado distante e que teria feito estas gravações em seu dorso, apresentando certos aspectos de seus conhecimentos intergaláticos.
Como referência de uma avaliação séria a respeito deste monumento, podemos citar o pesquisador Luiz Galdino, que preferiu tratá-lo com a reverência que ele merece no cenário arqueológico, assim como aos seus caracteres desconhecidos. Destacamos o seguinte em sua obra Itacoatiaras – uma pré-história da arte no Brasil: “A pedra do Ingá, com seus relevos de acabamento esmerado destaca-se, imediatamente, como um exemplo ímpar, diante do vasto acervo de itacoatiaras espalhado por todo o país. As inscrições são gravadas em baixo-relevo, mediante sulcos largos e profundos. Nos pontos melhor conservados, percebe-se, ainda, vestígios de uma antiga pintura que recobria o fundo dos sulcos”.

E ainda: “Os signos estilizados ao extremo supõem um prolongado período de evolução e aprimoramento. Estranhamente, esse signário mostra-se único. Mais fácil imaginá-lo como a obra de um povo estranho que atravessou a região, não deixando outros testemunhos, do que pensá-lo como a evolução natural a partir dos exemplares mais primitivos existentes no resto do país”.

Conjunto de insculturas modeladas da Pedra do Ingá.

O certo em tudo isto é que a Pedra do Ingá tornou-se presença viva e surpreendente no cenário arqueológico do nordeste brasileiro, como se se tratasse de algo que não pudesse estar ali onde se encontra, com seus caracteres incompreensíveis e desafiadores. Se os compararmos com outros da própria região, estes se fazem tão irreais e absurdos, que não deixam de causar grande incômodo no meio acadêmico, diante da cultura vigente e dos rígidos conceitos de análise, que não podem permitir que nenhum acontecimento no passado da Terra possa se colocar fora dos padrões pré-definidos de verificação e classificação científica.

Acreditamos, seja esta, talvez a causa de nosso estarrecimento diante de “realidades” que, como estas, se apresentam muito mais como ficção do que como possibilidade e muito mais como um desafio inadmissível com a chancela de inexplicável, do que como algo que precisa ser encarado sob uma nova perspectiva de pesquisa e análise, e de uma percepção mais acurada desta realidade.

A Pedra do Ingá é, sem dúvida, um dos mais expressivos registros rupestres do Brasil perdido nas caatingas paraibanas e o maior testemunho silencioso de que em passado longínquo o solo brasileiro teria sido palco de uma cultura avançada que registrou ali parte de seu conhecimento perdido. Desta forma, podemos tomá-la como prova de que já tivemos uma escrita pré-histórica no Brasil, face à expressividade e à coerência de seus signos, aplicados magistralmente lado a lado, apesar de aparentarem, em princípio, uma certa descontinuidade e desordem.

Temos convicção de que ela esconde uma chave para sua compreensão e que a mesma se encontra ali, interagindo com seus demais caracteres. Resta-nos descobri-la. Outro fator que teríamos de acalentar é que sua análise terá de considerar as condições que estabeleceram a lógica de sua feitura, na época em que foi lavrada e artisticamente insculpida, pois estas deveriam ter sido muito diferentes das que temos hoje para estudá-la e compreendê-la, o que expõe um novo empecilho para identificação de sua chave e sua decifração.

Acreditamos que tal condição e grau de dificuldade se devem muito mais ao fato de querermos compreendê-la com o raciocínio atual e o conhecimento que possuímos hoje, sem nos atinarmos em procurar aprofundar no tempo (como no caso das interpretações dos códigos maias e egípcios) para buscar a forma como aqueles povos entendiam a vida na Terra e observavam o céu, os astros, os planetas, as estrelas, as estações do ano, as variações do tempo e as mudanças provocadas por estas variações. Um mesmo signo ou ícone que usamos regularmente hoje, aceito e compreendido por quase toda a população da Terra poderia, em futuro distante, significar um grande enigma para os estudiosos, por estar o mesmo muito distante de seu tempo e por tentarem aqueles analisá-lo sob sua ótica, seus conhecimentos e suas perspectivas.

Estas magníficas insculturas ou moldes na pedra foram feitas em baixo relevo, em sulcos largos e profundos, tipo meia-cana, com o objetivo, talvez, de fazê-los perenizar no tempo, o mais longe possível. Seriam ícones de um tempo perdido no passado da Terra? Ou seriam apenas parte de um conhecimento milenar esquecido pela memória dos povos?

Segundo os pesquisadores podem ainda ser encontrados vestígios de que estes signos estiveram cobertos por tinta para, certamente, fazê-los destacarem-se a grande distância. As formas gravadas na pedra são variadas e algumas de grandes proporções, assemelhando-se muitas delas a figuras zoomorfas e antropomorfas, como já foi dito, algumas geométricas, apresentando, porém, na sua maioria, estruturas de cunho desconhecido. No entanto, todas elas foram elaboradas com alto grau de complexidade e cuidado.

Diante da excentricidade deste painel lítico torna-se difícil não considerarmos que possam vir tratar-se de uma espécie de escrita, pictográfica ou ideográfica, uma vez que seus signos são estranhamente estilizados, o que exigiria um longo estágio de evolução e aprimoramento, além de conhecimentos específicos para serem reproduzidos. Sabe-se que a pictografia representa o estágio mais primitivo da escrita, de forma que cada elemento deste sistema constitui-se no próprio pictograma. Este, por sua vez, não é outra coisa que senão a reprodução de um desenho auto-explicativo e de significado próprio, que está ligado à sua própria forma. Por outro lado, o ideograma amplia este contexto na representação de sua simbologia, de forma que, enquanto na pictografia um círculo significa somente o Sol (por exemplo), no ideograma este poderia simbolizar um atributo do Sol, como a luz e o calor, ampliando o grau de percepção de um signo.
  


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Estudos e opiniões de iminentes pesquisadores brasileiros
(Parte II de III)
A pedra lavrada do Ingá é um dos mais estranhos monumentos arqueológicos
que encontrei em minhas viagens pelo interior do Brasil.

Por J. A. FONSECA*
De Ingá-PB
Para Via Fanzine & UFOVIA


Diante do elevado grau de dificuldade para compreensão dos signos milenares do Ingá, faremos a seguir uma breve exposição de algumas teorias de pesquisadores brasileiros, que se preocuparam em debruçarem-se sobre sua vasta simbologia, numa tentativa de compreendê-la integralmente. Ao final, na 3ª parte, destacaremos o trabalho do grande pesquisador Gabrielli Baraldi e incluiremos a opinião do autor deste estudo e suas observações, após sua visita a este esplêndido monumento arqueológico brasileiro.

AS PESQUISAS DE GILVAN DE BRITO

Em primeiro lugar queremos citar o pesquisador Gilvan de Brito e seu livro “Viagem ao Desconhecido – Os Segredos da Pedra do Ingá”, que tendo o cuidado de incluir em seus estudos outros registros rupestres de relevante importância no estado da Paraíba. Neste seu magnífico trabalho emite a idéia de que no espaço compreendido entre o mar e o Planalto de Borborema, pode ser encontrada uma grande profusão de material lítico, pictográfico, ideográfico, dolmens, muralhas de pedra e outras evidências que indicam a passagem de grupos humanos pela região, povos que tiveram um certo grau cultural que os permitisse gravar em pedra bruta caracteres sofisticados e erigir “construções” com características notadamente megalíticas.

Quando Gilvan diz que “o maior e mais importante sítio arqueológico do Brasil localiza-se, provavelmente, na Paraíba,” haveremos de concordar com ele, pois quando ali estivemos pudemos ter esta mesma impressão e depois de compará-la a muitos outros, reforça-mos ainda mais esta convicção. Assim como outros, também este autor sugere que as inscrições do piso, ao lado do painel vertical do Ingá, possa fazer referência a conjuntos constelatórios, apresentando objetivamente seu pensamento em relação àqueles traçados geométricos com a Constelação de Orion, Peixe Austral e Grus.

Seu estudo, entretanto, se detém mais demoradamente no grande painel vertical, devido à sua profusão de símbolos, pontos capsulares e ideogramas, além da sua notável expressividade, delicadeza dos traçados e dos cortes das insculturas, e sua estranheza. Apesar de os arqueólogos atribuírem a estes signos, quase sempre, classificações mais comuns, como zoomorfas, fitomorfas, cosmogônicas, fálicas e antropomorfas, Gilvan acredita que os mesmos possam ter um significado bem mais contundente. Acena que a Pedra do Ingá poderia ter sido insculpida com apurada técnica e um conhecimento específico de seus autores, pois a linhas inicialmente traçadas foram, posteriormente, gravadas na rocha com fino acabamento e polimento “lembrando perfurações realizadas através de modernos equipa-mentos de raio laser”, conforme comenta.

Há uma variedade de formas gravadas neste painel principal como linhas retas, pontilhadas, espirais, canais paralelos, curvos, circulares e lineares, mas não se podem ver, conforme observa, figuras triangulares nem ornamentais. Segundo pensa, tratam-se de símbolos que tentam materializar uma idéia específica, pois encontrou traços significativos que fundamentam tal pensamento, formas silábicas e ideográficas que procuram “uma função determinada na comunicação escrita”. Neste sentido destacou alguns caracteres (exemplificados no quadro abaixo), para aventar a hipótese de que somente uma forma de inteligência, é que poderia ter criado aquele painel ordenado de mensagens cifradas, certamente, com a finalidade de levar até o futuro as impressões culturais de seu povo. Abaixo apresentamos quadro com exemplos da classificação tipológica comentada por Gilvan de Brito.
   

Para Gilvan de Brito as insculturas gravadas em Ingá devem ter sido obra de um povo que aqui teria vivido em passado longínquo, onde cada componente desta raça teria oferecido sua contribuição para a feitura deste magnífico conjunto lítico. Para ele, a comunidade impulsionada pela visão do artista que havia idealizado o painel incumbiu-se de rasgar a pedra já marcada pelos contornos riscados por sua mão hábil e deixar para posteridade o primoroso resultado de seu trabalho. Com cuidado analisa os signos em separado, comparando a figura esguia do início do painel (em sua parte mais alta) à uma balança rústica, sugerindo, até mesmo, que a Pedra do Ingá venha a ser um túmulo de um ilustre visitante que teria ensinado aos moradores da região novos conhecimentos.

Gilvan faz uma interessante ligação entre a Pedra do Ingá, as pirâmides de Queops, no Egito, e Theotihuacan, no México, com a possível localização da Atlântida. Traçando uma linha reta entre as duas grandes pirâmides, do Egito e do México, e dividindo o Trópico de Câncer exatamente no meio, entre as duas pirâmides citadas, traça uma linha vertical, tendo abaixo a localização da Pedra do Ingá e acima, próximo à Groelândia, a localização da desaparecida Atlântida (ver ilustração abaixo). Tal interpretação não nos parece inconcebível, porque também acreditamos que existe uma estreita relação entre este lendário continente desaparecido, o antigo Egito e os povos Maias. Por que não incluir a Pedra do Ingá e sua complexa simbologia neste contexto histórico ainda por decifrar, principalmente, se podemos observar esta situação emblemática entre os mesmos?


Gilvan cita outros pesquisadores que alegam que tais inscrições teriam sido feitas por habitantes indígenas da região. Entretanto, discorda dos mesmos, não reconhecendo que as gravações do Ingá tenham, sido produzidas pela ociosidade e o espírito brincalhão e esportivo dos índios brasileiros. Avançando em suas pesquisas e utilizando-se de observações feitas na seqüência de pontos capsulares no alto dos signos insculpidos e nas representações que lembram a lua, elaborou estudos numéricos e analíticos, chegando a conclusões muito interessantes que gostaríamos de destacar.

ITENS ANALISADOS
POSIÇÃO OFICIAL
POSIÇÃO LEVANTADA
Ano Solar
366 dias (ano bissexto)
366
Ano Lunar
354 dias
342
Velocidade Orbital
3.700 km/h
3.660
Perigeu (menor distância entre a Terra e a Lua)
356.375 km.
366.000
Apogeu (maior distância entre a Terra e a Lua)
406.720 km.
408.000
Raio da Lua
1.700 km.
1.710
Inclinação da Órbita
5,1454º
5,9
Inclinação em relação ao equador terrestre
23,5º
24
Distância Terra-Lua (eixo a eixo)
384.500 km.
380
Medida do PI
3,14
3,18
Diâmetro do equatorial da Lua
3.476 km.
3.473
Área da Lua
38 milhões km2
38
Densidade da Lua
3,34
3,36
Distância média Lua-Sol
149.000.000 km.
148.200
Ciclo de Saros (repetição dos eclipses)
18 anos, 11 dias, 8 horas
18

Gilvan levanta a hipótese de que há vestígios ideográficos nas insculturas do Ingá, considerando-se que a escrita ideográfica é caracterizada pela síntese, o que pode ser notado na emblemática conformação das figuras deste painel milenar e no mistério da técnica utilizada em sua feitura. Para o mesmo, os caracteres deste monumento paraibano não se assemelham totalmente aos hieróglifos e alfabetos de outros povos, porém, argumenta que “os primeiros vestígios identificam-se com as línguas que se constituíram posteriormente na principal fonte de todos os dialetos existentes, o que nos levaria a supor na organização daqueles sinais como a raiz das línguas do passado que deram lugar aos alfabetos hoje conhecidos.” Daí, faz relações com os signos encontrados em Glozel (França), com os hieróglifos hititas, a escrita etíope e muitos outros alfabetos, não deixando de mencionar a estranha simbologia hieroglífica encontrada na Ilha de Páscoa.

As conclusões deste autor, que o mesmo prefere converter em sugestões, são essencialmente coerentes, considerando-se a estranheza sofisticada dos caracteres do Ingá e a dificuldade de identificação destes com outras culturas. Segundo Gilvan “ninguém pode dizer que conhece a solução de um enigma apenas porque tem idéia a respeito do que possa ser o objetivo incomum.” E ainda, “que as explicações perdem força quando se observa que a verdade definitiva não foi atingida e que as teorias apenas procuram confundir os céticos".

Sugere então, diante das evidências, que o painel da Pedra do Ingá teria sido utilizado pelos antigos povos da região como meio de expressão, objetivando deixar para a posteridade uma mensagem relacionada aos hábitos de seu povo. Alerta, entretanto, que seus autores insculpiram seus elementos como um quebra-cabeças, exigindo inteligência, precisão e disposição no trabalho empreendido para sua decifração. Não poderia ser por isto, obra dos indígenas que habitaram a região, pois sabe-se que tais atributos não faziam parte (e nem o fazem hoje) da cultura desses grupos que eram naturalmente indolentes e avessos a trabalhos desta natureza.

Sugere ainda que o sistema simbólico utilizado poderia estar relacionado a algum ramo da língua indo-européia, por causa da utilização de pictogramas semelhantes aos da Ilha de Páscoa e sua relação com o signos não decifrados do Vale do Indo. Finalmente, sugere que sejam efetuados levantamentos antropológicos mais aprofundados e pesquisas arqueológicas para auxiliar nos estudos de decifração deste enigmático monumento, que poderia tratar-se de um verdadeiro repositório de informações sobre o passado de nossa terra.

A TEORIA DE FRANCISCO C. PESSOA FARIA

Uma outra teoria foi emitida pelo pesquisador Francisco C. Pessoa Faria, médico por profissão, que por um período de trinta anos desenvolveu estudos na Pedra do Ingá. Após análises aprofundadas nos signos insculpidos neste monumento, concluiu que possuem conotação astronômica e que a intenção de seus autores foi, objetivamente, deixar uma espécie de documento perene sobre as observações que haviam feito no firmamento, no sol, na lua, nas estrelas e nas constelações. Segundo o pesquisador esses criteriosos observadores milenares decidiram fazer então o registro de efemérides notáveis de seu tempo, deixando “anotado” em pedra bruta o que conseguiram perceber sobre o movimento dos astros na abóbada celeste.

Francisco Faria escreveu um livro intitulado “Os Astrônomos Pré-históricos do Ingá”, onde desenvolveu suas conclusões a respeito de sua tese astronômica, procurando fazer relações entre as constelações atuais aos agrupamentos de signos artisticamente “moldados” no monólito paraibano.

Segundo sua teoria certas formas insculpidas tratam-se de desenhos estilizados das doze constelações zodiacais, como também podem representar outras constelações. Os pontos capsulares na parte superior da pedra seriam uma representação da eclíptica (a órbita da Terra em torno do Sol), representada pela circunferência imaginária que representa a trajetória do sol na esfera celeste.

Alguns dos signos mais complexos o autor os relaciona com as movimentações dos grupos estelares durante as estações do ano. Assim, a pictografia que assemelha-se a um cocar indígena superpondo vários pontos capsulares justapostos e um signo abaixo destas representações, o autor relaciona a uma espécie de assinalador do equinócio, podendo desta forma, significar a mudança de posição do sol do hemisfério norte para o hemisfério sul. As figuras que se acham abaixo deste conjunto, como a forma antropomorfa, o círculo seccionado em duas partes e a dupla de pontos capsulares próximo destes signos, representa-riam fenômenos espaciais e terrestres relacionados com a efeméride equinocial.

Apesar de sua análise criteriosa o autor afirma que não é possível estabelecer uma cor-relação rigorosa entre as insculturas do Ingá e as constelações conhecidas, por duas razões:

1.       Não se pode afirmar que os povos que “trabalharam” os signos destas itacoatiaras possuíam os mesmos conhecimentos que temos hoje sobre as constelações e o movimento do céu nas estações;

2.       Não temos como saber se as divisões constelatórias possuíam as mesmas configurações e posições que possuem hoje no caminho do zodíaco.

Neste sentido, como não se conhece a data correta em que estas insculturas poderiam ter sido feitas, teríamos um problema adicional a resolver, pois quanto mais retroagirmos no tempo, mais as probabilidades de termos uma percepção diferente do céu em relação à sua condição atual se tornam mais pronunciadas. É provável que há alguns milhares de anos no passado, tivéssemos uma posição diferente das constelações e até mesmo a forma de observa-las, traçá-las no céu e interpretá-las, poderiam ser muito diferentes da forma como o fazemos hoje.

Francisco Faria atento a estes fenômenos não desconhece as dificuldades de uma interpretação como a que propõe, mas pensa que não poderia se furtar em apresentar certas coincidências que teria observado em algumas constelações conhecidas com certos registros nos petróglifos do Ingá. A nosso ver, seus estudos e suas conclusões não deixam de ser muito relevantes, pois ajudam a levantar discussões em torno deste enigmático monumento arqueológico paraibano, estranho demais para as pretensões de certos estudiosos que prefeririam ter algo mais simples para analisarem, mas que ali permanece silencioso desafiando a argúcia do intelecto contemporâneo.


ESTUDOS DE AURÉLIO M. G. DE ABREU

O insigne pesquisador Aurélio M. G. de Abreu aventou a hipótese de que o monumento do Ingá venha ser parte de “um contexto mais amplo, ligado diretamente a uma cultura de grande envergadura que se teria desenvolvido no atual Paraíba”. Complementa o pesquisador que “nesse estado sobrevivem lendas e citações sobre fatos insólitos, todos ligados à existência de uma civilização nativa que atingiu o estágio da escrita, gravando longos textos não só em pedra como também em livros de casca de árvore, localizados e destruídos pelos religiosos no período colonial”.

Aurélio de Abreu afirma que fora da Paraíba não existem exemplos de inscrições parecidas com as do Ingá que teriam sobrevivido ao tempo e à destruição deliberada. Em suas avaliações sobre as mesmas, pergunta o professor se não teriam os misteriosos habitantes da Ilha de Páscoa passado pelo Brasil, deixando aqui a marca de sua linguagem, ou se teriam saído destas antigas terras brasilis os portadores da cultura que se formaria naquela ilha do pacífico?

OUTROS ESTUDOS

O pesquisador Fernando Moretti afirma que existem 114 signos na Pedra do Ingá, variando desde cerca de 50 cm. de altura por 3 cm. de profundidade, representado frutas, répteis, pássaros e estrelas de tamanhos variados. Aventa a hipótese de que estes sinais possuam semelhanças com os da cerâmica Marajoara e Tapajônica, afirmando que seu estilo indica uma cultura superior a dos índios da região ou uma influência muito diferente à desenvolvida ali. Também Moretti acredita que os caracteres do Ingá sejam muito parecidos com os da tábua Kohan Rongo - Rongo, da Ilha de Pascia.

Também o prof. Alfredo Coutinho de Medeiros Falcão encontrou nos diversos pontos justapostos próximo ao painel principal da Pedra do Ingá uma grande identificação astronômica, como se quisessem mostrar agrupamentos de estrelas. Emitiu a hipótese de que este conjunto no piso horizontal se tratasse da própria representação da constelação de Órion, devido a semelhança dos pontos ali traçados e as estrelas que faz\em parte da mesma.

Muitos pesquisadores não admitem que possa ter havido uma escrita fonética no Brasil pré-histórico, mas certas inscrições rupestres encontradas de norte a sul do país sugerem caracteres ligados a uma linguagem primitiva situada em alguma parte do território brasileiro. Se analisarmos detidamente a língua tupi-guarani vamos notar que ela é riquíssima em termos linguísticos, mesmo que dela não conheçamos ainda a estrutura de um alfabeto, claramente estabelecido, para sustentar seu linguajar nativo e seus derivados.

A Pedra do Ingá levanta a suspeita de que tenha havido uma língua primitiva no Brasil. Ao estudarmos com critério seus caracteres milenares, alvo deste estudo, não podemos deixar de nos surpreender com suas primorosas reproduções e notável polimento, e não refletir sobre a existência de um linguajar ideográfico, perdido nas cinzas de nosso passado. Suas diversas representações estilizadas, algumas desconhecidas, outras se mostrando como formas zoomorfas, antropomorfas, fitomorfas, cosmogônicas ou caracteres com definições espaciais bem planejadas, conduzem-nos a pensar que possam tratar-se, efetiva-mente, de uma espécie de escrita racional, idealizada e produzida para transmitir conhecimento, apesar de não compreendermos ainda o seu código secreto

*J.A. Fonseca é economista, aposentado, escritor, conferencista, estudioso de filosofia esotérica e pesquisador arqueológico, já tendo visitado diversas regiões do Brasil. É presidente da associação Fraternidade Teúrgica do Sol em Barra do Garças–MT, articulista do jornal eletrônico Via Fanzine(www.viafanzine.jor.br) e membro do Conselho Editorial do portal UFOVIA.

- Fotos e ilustrações: J.A. Fonseca.
- Produção: Pepe Chaves.

*  *  *

A tese de Baraldi e a conclusão desse autor
(Parte III de III)
A pedra lavrada do Ingá é um dos mais estranhos monumentos arqueológicos
que encontrei em minhas viagens pelo interior do Brasil.

Por J. A. FONSECA*
De Ingá-PB
Para Via Fanzine & UFOVIA


O autor J.A. Fonseca na Pedra do Ingá.


 Os estudos avançados de Gabriele Baraldi

Inegavelmente, as pesquisas de Gabriele Baraldi no Brasil e, especialmente, na Pedra do Ingá, trouxeram ares novos no estudo da arqueologia brasileira e, apesar de não serem muito bem recebidas pelo academismo oficial, apresentaram novas teorias sobre o obscuro passado de nossa terra.

Em seu livro “Os Hititas Americanos”, com 464 páginas, editado em São Paulo-SP, em 1.997, com tiragem de apenas 500 exemplares (cuja edição o mesmo custeou), desenvolveu uma tese expressiva e ousada, após muitos anos de pesquisa no Brasil e no exterior. Nele, o pesquisador afirma que este monumento paraibano se trata de um documento milenar, escrito em hieróglifos hititas. Segundo Baraldi, esta privilegiada região da Paraíba, em Ingá, guarda dois grandes monumentos arqueológicos de longeva antiguidade: a Pedra do Ingá, propriamente dita, gravada com hieróglifos hititas e a Pedra Arzawa, que fica próximo da anterior, gravada em cuneiformes também hititas. Esta última se destaca na região por causa de sua cor expressivamente dourada e pelas formações em relevo e informes em sua face, os quais foram traduzidos por Baraldi. Foi ele que a intitulou pela terminologia tupi,Araxa-uá, que em sua tradução linear para o português significa Trono do Planalto.

Em seus estudos aprofundados e após fazer inúmeras comparações, o professor Baraldi chegou à conclusão de que havia uma chave mestra para a decifração destes hieróglifos milenares. Após anos de estudos, afirma tê-las finalmente encontrado. Para tanto, procurou fundir tais hieróglifos com a língua tupi, falada pelos autóctones brasileiros. Desta conclusão, elaborou um compêndio de caracteres e seus respectivos significados, que se transformou num verdadeiro dicionário de símbolos hititas que, segundo ele, poderiam ser utilizados na decifração da Pedra do Ingá.

Livro de Gabriele Baraldi

Para Gabriele Baraldi, este monumento arqueológico traz um relato muito antigo e dramático, narrando os terríveis cataclismos que varreram a Terra há cerca de 15.000 anos e como os primitivos brasileiros teriam perecido nessa grande convulsão telúrica. Não seria de se surpreender se disséssemos que tal afirmação jamais viesse ter boa acolhida junto aos meios acadêmicos. E foi exatamente o que aconteceu. Mas, mesmo assim Baraldi sustentou sua tese até o seu falecimento, pois como estudioso e pesquisador apaixonado pelo mito que envolve as civilizações do passado, não poderia jamais omitir-se e deixar de projetar suas idéias muito além das possibilidades comumente aceitas, preferindo alçar vôo no âmbito das utopias e das hipóteses menos lineares, do que sujeitar-se a certos dogmas impostos pelo academismo oficial.

   
O professor Baraldi na Pedra do Ingá, ao lado, o seu legendário livro sobre os hititas americanos.

Este insigne pesquisador, brasileiro por opção, nasceu em San Próspero, Modena, Itália e veio para a América do Sul em 1.950, estabelecendo-se com sua família (pais e irmãos) na Argentina, onde se tornou bacharel em Filosofia e Letras em Buenos Aires. Passando pelo Brasil com o intuito de alcançar posteriormente os EUA, acabou se apaixonando pelos mistérios arqueológicos desta terra e aqui se estabeleceu definitivamente. Tendo viajado por diversos países e estudado civilizações antigas, falava fluentemente quatro idiomas latinos, além de ser escultor, artista plástico e empresário no ramo da prestação de serviços.

Afirmou Baraldi que na América do Sul havia várias cidades perdidas relacionadas com civilizações muito antigas e que, uma delas, era a famosa Ingrejil, no interior da Bahia, que tivera o mérito de descobrir nos idos de 1984. Em suas pesquisas no local encontrou pequenas elevações com formas piramidais e formações regulares de grandes blocos de pedra, cortados e ajustados por intermédio de uma ação deliberada. Segundo o pesquisador, existem pedras sobrepostas à maneira de monumentos solares, menires alinhados, restos de paredes colossais e áreas aplainadas artificialmente, além de muitas pedras cortadas em ângulos retos. Em face disto, sugeriu Baraldi, que Ingregil poderia ser tão antiga quanto os monumentos arqueológicos provenientes da cultura Inca.

Em 1988 encontrou a Pedra do Ingá que o deixou excepcionalmente entusiasmado, em mesmo tempo que, perturbado, por causa de sua estranha mensagem petroglífica. Iniciou então suas pesquisas e ao analisar mais detidamente suas insculturas, logo sugeriu que se tratavam de hieróglifos hititas. Afirmou textualmente que a Pedra do Ingá se constituía de uma prova documental de que teria havido uma civilização muito desenvolvida no passado mais antigo do Brasil. A partir de então, começou a buscar uma forma de decifrá-la, comparando seus caracteres com os encontrados na Turquia, antiga Anatólia, terra dos hititas, por ter encontrado certas semelhanças importantes entre estes e os da pedra paraibana.

Em seus estudos desenvolveu uma tese de que o antigo idioma brasileiro tupi corresponderia à escrita hieroglífica da Pedra do Ingá, grafada em caracteres universais, a qual, ele decidiu chamar de linguagem protohitita. Para o perspicaz pesquisador Baraldi, o idioma tupi era uma língua quase universal, uma vez que se assemelhava a diversos outros idiomas do chamado “Velho Mundo”, que também possuíam signos relacionados ao alfabeto primevo, universal. Comparando seus vocábulos com a escrita dos povos hititas e utilizando-se do “corpus epigráfico” do francês Emmanuel Laroche, do italiano Merigi e do alemão Guterbock para fazer suas análises, concluiu que o idioma tupi se tratava de um idioma chave, de caráter também universal, o qual, já seria falado na extinta Atlântida, há cerca de 50.000 anos. Foi assim que chamou então este idioma falado no Brasil de protohitita, ou seja, esta seria a língua, através da qual, teria se originado o hitita, falado na antiga Anatólia. A título de exemplificação incluímos abaixo tabela com alguns dos inúmeros signos identificados por Baraldi na Pedra do Ingá, relacionados ao protohitita ou tupi antigo, idioma do povo atlante.


Como as insculturas do Ingá se tratam de signos perfeitamente incrustados na rocha, com primorosa feitura e acabamento, Baraldi acreditava que eles foram gravados através de moldes. Segundo o pesquisador, da mesma forma que os hititas, estes povos também controlavam a energia geotérmica e para produzir o efeito dos moldes sobre a pedra teriam se utilizado da alta pressão mecânica e térmica a partir da canalização da lava de um vulcão extinto. Para ele a Pedra do Ingá fazia parte de um colossal monumento hitita e que sua posição atual está invertida, como se uma grande força a tivesse virado e colocado nesta posição. Por isto, seus caracteres teriam de ser analisados de forma invertida e da direita para a esquerda, para que pudessem ser compreendidos integralmente.

Na sua ânsia de desbravar mistérios e utilizando-se deste mesmo idioma, primogenitamente universal, o protohitita, decidiu ir mais além. Seguindo suas convicções, traduziu outros valiosos documentos históricos de conteúdo ainda desconhecido, como, por exemplo, o misterioso Disco de Phaestos que foi descoberto em Creta, na Grécia, no ano de 1908, contendo signos semelhantes aos encontrados na Pedra do Ingá; as inscrições do ídolo de Fawcett; os caracteres de uma placa pré-incaica descoberta no Equador; e de muitos outros documentos arqueológicos ainda não decifrados até o momento.

Chegou até mesmo a afirmar que, entre os hieróglifos hititas e protohititas, encontrou signos semelhantes aos gravados numa placa metálica que teria sido encontrada no interior do UFO acidentado em Roswell, nos EUA, em 1947. Apoiando-se em suas pesquisas e convicções alicerçadas no conhecimento e na ousadia de desbravador de mistérios, afirmou, finalmente, que a língua protohitita seria uma espécie de esperanto cósmico que teria vindo do espaço exterior e se estabelecido na Terra em um passado desconhecido. Afirmou ainda que existem muitas semelhanças entre os caracteres insculpidos na Pedra do Ingá e os que podem ser vistos em outras partes do Brasil, assim como, em relação às famosas inscrições “rongo-rongo” da Ilha de Páscoa e de algumas regiões da Índia.

As idéias propostas por Gabriele Baraldi são evidentemente ousadas, mas fundamentadas em estudos sérios e comparações consistentes. Seria, portanto, difícil para qualquer pesquisador atento descartar as propostas levantadas em seu livro “Os Hititas Americanos” ou relegar a um plano secundário o resultado de seus árduos estudos no Brasil. Em face do elevado grau de dificuldade em que se encontram os estudiosos diante do mistério do Ingá, gostaria de sugerir que estes se utilizassem das conclusões deste iminente pesquisador e venham persistir na busca de explicações para a enigmática simbologia incrustada neste monumento arqueológico, uma vez que este não pode ser simplesmente ignorado ou classificado ao lado de outras manifestações primitivas no Brasil, evidentemente, relacionadas a pequenos agrupamentos humanos em estágios primários de evolução.

A opinião do autor deste artigo

Como vimos, em geral, existem duas vertentes que têm sido comumente adotadas pelos pesquisadores quando tratam das inscrições rupestres encontradas no Brasil:

·   uma que admite que estas foram produzidas por visitantes estrangeiros como egípcios, gregos, fenícios, hebreus, chineses, etc., em visita e exploração a estas terras em passado longínquo;

·   uma outra, que admite que tais inscrições se tratem de registros de povos autóctones que os produziram sem nenhuma intenção ou orientação racional, sendo apenas resultado da ociosidade dos membros de suas sociedades, de forma continuada e por sucessivas gerações.

No caso específico da Pedra do Ingá ousaríamos emitir uma outra hipótese, em parte, já adotada por eminentes estudiosos no Brasil: a de que alguns destes registros, bem concatenados, estejam relacionados a uma antiga civilização, desaparecida há milênios, que teria se dirigido para um “outro mundo” e deixado ali gravado, ao seu belo gosto e segundo seus conhecimentos técnicos e filosóficos, uma indicação de sua presença que poderia ser, no futuro, decifrada por homens de ciência e de fé.

Inscrições no leito do rio Ingá ainda não decifrados

Em nossas pesquisas sobre os enigmáticos caracteres encontrados no Brasil, destacamos os da Pedra do Ingá e sabemos de antemão, que é assunto de conotações complexas, sendo, portanto, excepcionalmente difícil compreender sua presença em território brasileiro ou seu conteúdo simbólico, integralmente.

Entretanto, não podemos negar que em toda a sua extensão ela foi “trabalhada” com maestria, parecendo ter sido “lavrada” para em seguida lhe serem aplicados, em baixo relevo, uma grande variedade de símbolos de tamanhos e expressões variados, artisticamente entalhados. A impressão que temos quando a observamos é que, de alguma forma, ela teria sido amolecida e as figuras que ali se acham gravadas teriam sido moldadas em seu dorso, da mesma forma como podemos ajustar um objeto sobre uma placa de argila úmida, deixando gravar seus contornos profundos e precisos.

Em geral, quando os pesquisadores examinam a Pedra do Ingá, tendem a afirmar que os símbolos gravados em seu dorso foram produzidos por povos primitivos que, se utilizaram de ferramentas rudimentares ou pedras pontiagudas para executar seu trabalho. Em nossas observações in loco, preferimos acreditar em uma outra hipótese que passamos a alimentar em nosso íntimo sobre a gravação destas misteriosas figuras.

Quando era jovem, trabalhava com meu pai numa fundição de sua propriedade, fabricando peças de alumínio e o trabalho era feito através de moldes aplicados em terra úmida. Meu pai me ensinara a fazer as peças em caixas de madeira, ajustadas umas às outras, onde eram moldadas e depois fundidas com alumínio líquido. Quando colocávamos o molde na terra e a socávamos para esta compactar-se em volta dele, sua forma ficava ali estampada, perfeitamente recortada e sem arestas, como uma cópia fiel do modelo utilizado. Perplexo, verifiquei que as insculturas da Pedra do Ingá se assemelhavam grandemente a este processo de produzir moldes bem acabados, sem arestas e perfeitamente moldados.

Paralelamente, lembrei-me que havia lido sobre uma história contada pelos antigos Incas, na qual, relatavam que seus “engenheiros construtores” possuíam uma estranha fórmula que permitia o amolecimento da pedra e dos metais, para trabalhá-los em seguida e molda-los à sua vontade. Segundo diziam, havia uma planta que produzia uma espécie de sumo com o qual os artífices trabalhavam, fazendo com que a pedra e o metal tomassem consistência de barro, quando então, poderiam ser moldados segundo o gosto de seu manipulador.

Observando os signos moldados no monólito do Ingá, passei a acreditar que estes somente poderiam ser sido elaborados se a pedra estivesse amolecida, como barro, de forma que pudesse receber os contornos tão bem delineados e sem arestas, ali reproduzidos. Somente através de uma técnica bem estruturada, pensei, poderia aqueles caracteres ganhar seus perfeitos contornos e perenizar sua mensagem, conforme o desejo de seus idealizadores e artífices.

Examinando detidamente suas figuras e pontos capsulares fiquei ainda mais convencido desta hipótese, pois o que tínhamos diante de nossos olhos não poderia ser tratado da mesma forma que as muitas outras obras líticas encontradas no Brasil e no mundo. Os pontos capsulares lembravam-me depressões produzidas por bolinhas de gude colocadas de forma justaposta sobre a argila, ou se os imprimíssemos sucessivamente, segundo o número de pontos que desejássemos. Percebemos que o resultado deste experimento se mostrava tão semelhante ao que víamos gravado na Pedra do Ingá, que passamos a reforçar nossa idéia de que aqueles signos também pudessem ter sido produzidos por intermédio de moldes pré-fabricados, impressos na pedra mole.

Como pode ser notado por quem quer que deste monumento se aproxime e, ao contrário de outras insculturas em pedra, abundantemente encontradas no Brasil, o acabamento das figuras do Ingá é perfeito, sem arestas e com contornos retilíneos, difíceis de serem conseguidos através de uma execução manual ou através de instrumentos primitivos. Verificamos que estes são exatos, sem rebarbas ou quebras provenientes de um trabalho executado sob ação de ferramentas cortantes, pedras ou outro instrumento de corte que tivesse sido utilizado neste empreendimento.

É provável que o monólito do Ingá seja o mais importante “documento” pré-histórico do Brasil, pois sua presença no interior inóspito do nordeste brasileiro já tem causado muitos desconfortos junto aos pesquisadores, obrigando-os a tratarem-na com cuidado especial.

Apesar disto, os arqueólogos ainda não se manifestaram objetivamente para explicar a origem deste gigantesco e excêntrico painel de símbolos em pleno nordeste brasileiro, que continua desafiando o tempo, a tecnologia e a argúcia destes estudiosos.

Pela profusão de símbolos contidos neste painel temos a impressão de que seus autores pretenderam transmitir uma idéia ou uma linguagem específica de seu tempo e que seu conteúdo lítico pode ser conhecido, por intermédio de um código, ocultado, propositadamente, junto de seus contornos estilizados.

Alguns pesquisadores concordam que os sinais gravados em Ingá possam tratar-se de uma elaborada escrita secular, que teria sido gravada para perenizar eventos de grande importância. Chegou-se mesmo a compará-la com a escrita da Ilha de Páscoa, os famosos caracteres “rongo-rongo”, pela semelhança de vários signos encontrados em ambas as localidades. De fato, há muitas semelhanças entre estes caracteres brasileiros e os pascoanos, podendo-se dizer que ambos poderiam ter sido originados de uma mesma raça. Para efeito de comparação, este autor elaborou o quadro abaixo procurando comparar estes signos, apontando certas semelhanças em muitos deles.


Nas proximidades do monólito ingaense, podem ser encontrados outros registros rupestres e curiosas formações rochosas. Na base que forma o seu piso, por exemplo, podem ser observadas pequenas depressões já desgastadas pelo tempo, formando uma espécie de painel de formas estelares, o qual foi batizado com o sugestivo nome de “tábua astronômica”. Neste painel pode ser visto um conjunto de pontos capsulares e signos esparsos, parecendo estar ligados entre si, como estrelas numa constelação. Alguns autores associam este painel estelar à constelação de Orion e fazem ligações entre seus pontos capsulares e seus signos, mostrando uma figura expressivamente curiosa. Inspirado nestes estudos o autor desenvolveu também um breve estudo (veja ilustração abaixo) relacionando os pontos capsulares do painel do piso com a referida constelação, considerando que a forma sinuosa ali gravada estaria relacionada com as três estrelas centrais, conhecidas como Três Marias ou Cinturão de Orion.

Quanto ao painel das incríveis figuras do Ingá podemos não compreender ainda o seu significado pleno, porém, seu conjunto, harmonia e justaposição de ícones, conduzem-nos a atribuir-lhe uma classificação privilegiada, considerando sua estrutura fundamentada numa certa lógica e na intenção de seus autores. Consideramos ser inadmissível que vejamos estes registros apenas como um conjunto de símbolos desconexos, produzidos ao acaso ou gravados aleatoriamente sem um critério pré-estabelecido, só pelo fato de não termos ainda conseguido compreendê-los, mesmo que parcialmente.

Pode ser que não nos queiramos ater à sua complexidade instigante e que pretendamos até mesmo ignorar sua incômoda presença na região inóspita do sertão paraibano. Porém, não seria razoável que os queiramos comparar aos inúmeros rabiscos desconexos que podem ser encontrados em rochas e cavernas por todo o território brasileiro, os quais, certamente, teriam sido produzidos por homens primitivos, segundo sua vontade e meios disponíveis.

Constelação de Orion e proposta deste autor para os signos em Ingá.

Quando nos decidimos emitir nossa opinião sobre a Pedra do Ingá, nós o fizemos sob fundamentos em observações in loco e apoiados nos “achados arqueológicos”, fora do tempo, que têm sido encontrados por toda a face da Terra. Isto, por si só, vem servir de firme apoio ao nosso pensamento, no sentido de nos permitir imaginar que também aqui no Brasil, podem ser encontradas obras remanescentes de um pretérito longínquo, que pode, perfeitamente, não se coadunar muito bem com a história que queremos seja oficializada sobre este mesmo passado.

Tais observações podem configurar-se como algo insólito demais diante dos pesquisadores ou até mesmo de formas excessivamente perturbadoras, mas sua existência, pura e simples, obrigam-nos a admitir que existem muitas outras hipóteses que não aquelas que são ferreamente sustentadas por certos segmentos do conhecimento tradicional.

Reportando aos “achados” retrocitados e para auxiliar-nos em o nosso pensamento e encerrar esta nossa exposição, queremos citar o pesquisador norte-americano David Hatcher Children e seu livro A Incrível Tecnologia dos Antigos, onde apresenta certas descobertas incômodas para os pesquisadores. Uma delas, fala de um fragmento de feldspato retirado da mina de Abbey, Nevada, em novembro de 1869, do tamanho de um punho humano, que continha em seu interior um parafuso metálico de uns 5 cm, que teria a idade de alguns milhões de anos. O autor citado menciona que “os arquivos históricos estão repletos de relatos estranhos sobre objetos inexplicáveis” encontrados em diversos lugares da Terra.

O terraço de Baalbek, próximo a Beirute, por exemplo, é uma prova insofismável de que nosso passado vem ocultando algo de relevante importância para a compreensão da história da raça humana. Conforme explica, uma parte deste terraço é constituído por três grandes blocos de pedra, cortados, lavrados e ajustados de forma justaposta, os quais, especialistas mais conservadores avaliaram ter um peso individual de cerca de 750 toneladas cada um. E o que é mais surpreendente é que estes monumentais megálitos foram levantados cerca de 6 metros para que pudessem apoiar-se sobre outros blocos de pedra colossais, com cerca de 50 toneladas cada um. Não é algo espantoso demais para uma raça que teria vivido há milhares de anos e sem uma tecnologia específica?

E quanto aos incríveis monumentos pétreos e construções com seus cortes e ajustes de precisão inacreditável nas fortalezas Incas, como Sacsayhaman, Tiahuanaco e outras estruturas megalíticas desta região?

Não devemos nos estender em outras citações que, certamente, se perderiam numa relação interminável e não é esta nossa intenção. Queremos apenas mostrar que existe muita coisa a ser explicada sobre a história da raça humana, incluindo aí, a misteriosa simbologia da Pedra do Ingá que, certamente, estaria relacionada a um desses tempos mais remotos e desconhecidos de nossa história.

É nosso pensamento que a resistência em aceitar que tenha havido uma grande civilização no passado mais remoto da Terra, mais confunde do que explica a teoria da evolução humana e não pode justificar a contento os milhares de objetos e construções colossais que têm sido encontrados regularmente em todos os recantos de nosso planeta.

Relatos sobre Sumé 

São Tomé, o Apóstolo das Índias (estampa católica)
IctoonAdicionada por Ictoon
A passagem de Sumé pelo litoral fluminense deixou relatos de feitos extraordinários. No município de Cabo Frio, numa elevação chamada Morro da Guia, há um banco e marcas de mãos numa pedra que, segundo a lenda, seriam vestígios de Sumé. Segundo o missionário jesuíta Manuel da Nóbrega, em Cartas do Brasil (1549):
Dizem eles que São Tomé, a quem eles chamam Zomé, passou por aqui, e isso lhes ficou por dito de seus passados e que suas pisadas estão sinaladas junto de um rio; às quais eu fui verpor mais certeza da verdade e vi com os próprios olhos, quatro pisadas mui sinaladas com seus dedos, as quais algumas vezes o rio cobre, quando enche; dizem também que, quando deixou essas pisadas, ia fugindo dos índios, que o queriam frechar, e chegando ali, se lhe abrira o rio e passara por meio dele a outra parte, sem se molhar, e dali foi para a Índia. Assim mesmo contam que, quando o queriam frechar os índios, as frechas se tornavam para eles, e os matos lhe faziam caminho por onde passasse.
Escreveu Simão de Vasconcelos, em Crônica da Compañia de Jesu do Estado do Brasil (1663):
Também é tradição antiga entre eles que veio o bem-aventurado apóstolo São Tomé a esta Bahia, e lhes deu a planta da mandioca e das bananas de São Tomé; e eles, em paga desse benefício e de lhes ensinar que adorassem e servissem a Deus e não ao Demônio, que não tivessem mais de uma mulher nem comessem carne humana, o quiseram matar e comer, seguindo-o com efeito até uma praia donde o santo se passou, de uma passagem, à ilha de Maré, distância de meia légua, e daí não sabem por onde. Devia de ser indo para a Índia, que quem tais passadas dava bem podia correr todas estas terras, e quem as havia de correr também convinha que desse tais passadas.
Já para Frei André Thevet, Sommay era apenas um "grande pajé e caraíba".
O irmão José Gregório, na Contribuição Indígena ao Brasil (1980), disse que:
A crença é documentada de longa data pelo padre João Daniel, quando se refere a uma pedra lavrada no Xingu, com uma pegada de gente. Há outras provas de que na América andou e evangelizou o grande apóstolo São Tomé; nos dão bastante fundamento para suspeitarmos... que neste altar dizia missa; e para testemunha deixou estampados no pavimento os vocábulos, que nos índios é muito desculpável pela falta de livros e memórias, que não têm... Por isso se não deve estranhar em gente tão rude a pequena mudança deT para S, especialmente ficando tão semelhante o som das palavras Tomé e Sumé.
Humberto de Campos cita:
Ao penetrar na região das Minas, os bandeirantes descobriram ali uma pequena cordilheira em cujas pedras se achavam gravados sinais misteriosos. Perguntados os naturais, estes informaram que esses sinais haviam sido abertos por um ancião de grandes virtudes... Esse homem chamava-se Tomé ou Sumé. Daí a denominação geográfica, e ainda preponderante, da Serra de São Tomé das Letras, em Minas Gerais.
Segundo a versão contada por Hernani Donato em Sumé e Peabiru, Sumé ao ser perseguido pelos tupinambás, foi para o Paraguai e dali para o Peru. Para esta travessia, teria aberto a estrada que ficou conhecida como "Peabiru".
Em alguns lugares, como em São Gabriel da Cachoeira, no rio Negro (Amazonas), os moradores, ainda hoje, depositam velas e fazem preces em torno de uma forma de pegada feita em uma rocha. Uns a atribuem a um anjo, outros a São Tomé, ou Pai Sumé. Nas costas da Bahia, gente simples do povo, também se recreia a percorrer as escarpas marinhas, onde se supõe terem ficado os indícios da fuga de Sumé. Petróglifos no mesmo estilo são encontrados na Bolívia e Peru.
Segundo uma lenda contada pela população do baixo Amazonas, "Quando São Tomé esteve entre os índios, meteu-se numa igarité com quatro cablocos reforçados, deu um remo a cada um, ficou no jacumã (remo de popa que serve de leme) e mandou remar rio acima. De vez em quando um cabloco cansava e parava de remar. O santo não dizia nada, batia com o jacumã na traseira dele. E onde o jacuman do santo batia, a carne ia murchando como por milagre."

Sumé e petroglifos 

Petróglifos em Ingá (PB), atribuídos a Sumé ou a São Tomé
IctoonAdicionada por Ictoon
Pé de Pai Sumé - petróglifo na Baía de Paranaguá, PR
IctoonAdicionada por Ictoon
Sumé é citado quase sempre em relação a antigas marcas em pedras, freqüentemente petroglifos intencionalmente criados por culturas pré-históricas, desde "pegadas" quanto pinturas diversas interpretadas como "letras". Em alguns casos, podem ser simples marcas naturais que por acaso assemelham-se a pegadas humanas. Tais marcas eram muito mais disseminadas quando por aqui chegaram os jesuítas, mas o costume dos colonos de raspar a laje para guardar seus fragmentos como amuletos ou talismãs destruiu muitas delas e o progresso acelerou a destruição de outras. Encontram-se no Piauí em Domingos Mourão, Brasileira, Inhuma, Piripiri, Pimenteiras; em São Gabriel da Cachoeira (Amazonas); São Tomé das Letras (Minas); Ingá (Paraíba); Altinho (Pernambuco); Carolina (Maranhão) etc.
Marcas análogas existem em várias partes do mundo, sendo atribuídas a diferentes autores: Jesus, São Bartolomeu, São Tomé ou heróis míticos. Na ilha de Sri Lanka (antigo Ceilão), uma montanha guarda uma marca sagrada de um pé humano. Os budistas dizem que é a marca de Buda; os cristãos a dizem de São Tomé; os hindus a reputam como de seu deus Shiva; e os muçulmanos e judeus as atribuem a Adão.
No Brasil, os nativos atribuíam tais marcas ao misterioso estrangeiro a quem chamavam de Sumé, que um dia esteve entre eles em missão civilizadora. Por semelhança fonética, os jesuítas o identificaram a São Tomé, tido como o "Apóstolo das Índias", concluindo que a palavra de Jesus já fora ouvida nesta terra em tempos idos.
Mais recentemente, as marcas e a tradição de Sumé foram interpretadas, de maneira superficialmente mais racionalista, como evidência da presença de exploradores europeus ou fenícios em tempos pré-colombianos, ou do uso por Tomé de antigos conhecimentos fenicios para chegar às Américas. O austríaco Schwennhagen, por exemplo, estudou o "Pé de Deus" encontrado em Oeiras, por volta de 1927 e escreveu: “Mesmo sinal existe em Oeiras, no Piauí, e o povo sempre venerou esse sinal, desde a antiguidade. A forma do pé, gravada numa chapa de pedra, é uma placa comemorativa, usada pelos povos antigos para indicar que naquele lugar esteve um homem, que foi um benfeitor do povo. A travessia de São Tomé pelo Atlântico nada tem de milagrosa. Naquela época a população das Canárias e das ilhas do Cabo Verde tinham ainda bons conhecimentos do Brasil e o zeloso apóstolo procurou uma caravela para ir com seus amigos pregar a nova religião aos povos do outro lado do oceano”.
Entretanto, muitas das marcas, precedem o santo cristão - e mesmo os fenícios - em milhares de anos. Tais interpretações - aplicadas também a figuras míticas de outras culturas americanas, como Quetzalcóatl e o andino Viracocha, subestimam sistematicamente as culturas indígenas e sua antiguidade. Até a primeira metade do século XX e, ocasionalmente, também depois, estiveram freqüentemente associadas a teorias sobre a superioridade dos europeus ou "arianos": como estes eram considerados a única "raça" humana dotada de criatividade, todos os sinais de cultura encontrados em outras raças deveriam ser atribuídos a contatos antigos com brancos. Daí a ênfase na suposta descrição de tais heróis civilizadores pelos indígenas como "brancos e barbudos", às vezes até como "loiros" - caracerísticas que, na verdade, surgem da reelaboração do mito após os descobrimentos, ou mesmo de sugestões de missionários ansiosos por identificar os heróis civilizadores indígenas com o "Apóstolo das Índias"




Paêbirú: A História Do Disco Mais Caro Do Brasil, É Investigada Em Documentário

 

Por Leonardo Lichote
Inscrições rupestres misteriosas, mitos indígenas, boas doses de psicodelia, uma busca para reconstruir as obscuras origens de uma lenda da música brasileira… O roteiro tem elementos que parecem moldados para a ficção, algo como um Indiana Jones lisérgico. Mas “Nas paredes da pedra encantada”, filme de Cristiano Bastos e Leonardo Bonfim, é um documentário – um “road doc”, como define Cristiano – que investiga a história do raríssimo disco Paêbirú: Caminho Da Montanha Do Sol (1975), de Zé Ramalho e Lula Côrtes, lançado em 1975.

- Há vários motivos para se falar de Paêbirú (1975) – defende Cristiano. – É o disco mais caro do Brasil, sua última cotação está entre R$ 4 mil e R$ 5 mil, o dobro do Louco Por Você (1961), o primeiro de Roberto Carlos (existe uma edição pirata, em vinil, de Paêbirú (1975), lançada na Europa, mas que não vem com o livro que acompanhava o original, trazendo estudos sobre a região e informações sobre a lenda do Caminho da Montanha do Sol). Mais que a raridade, ele é o fundador de uma psicodelia genuinamente brasileira, com elementos da cultura indígena. E sua história tem toda uma mística. Das únicas 1.300 cópias da prensagem original, 1.000 foram perdidas numa enchente em Recife. Nunca vi uma história tão fantástica como a que circunda esse álbum.


Jornalista, Cristiano tomou contato com a fantástica história quando fez uma reportagem para a revista “Rolling Stone” sobre o disco. Quando percebeu que sua apuração poderia render um documentário, se lançou com Leonardo Bonfim na aventura de tentar reconstituir os fatores que permitiram o surgimento do álbum. O termo “aventura” não é exagero. Cristiano morou entre Pernambuco e Paraíba por três meses, investiu dinheiro do seu bolso no filme – atualmente em fase de montagem – e penou para encontrar seus personagens. Mais que isso, quase foi preso durante as filmagens:

- Estávamos na cidade do Ingá do Bacamarte (município da Paraíba onde se localiza a Pedra do Ingá, onde estavam as inscrições que serviram de estopim para o processo criativo que gerou o disco) quando a polícia nos abordou, com vários carros e armas apontadas para nós. Estava havendo uma onda de assaltos a bancos na região, e eles, vendo aquele grupo andando de um lado para o outro e fazendo ligações, acharam que éramos ladrões. Tivemos que ser libertados pelo prefeito, que já sabia do projeto e inclusive colaborou com dinheiro para as filmagens.


O filme – ao qual O GLOBO teve acesso exclusivo – traz entrevistas com personagens como os músicos Lula Côrtes e Alceu Valença (que toca no disco), o arqueólogo Raul Córdula (que apresentou a Pedra do Ingá a Lula e a Zé Ramalho) e a cineasta Kátia Mesel (companheira de Lula então e sócia dele no selo Abrakadabra, que lançou o disco). As gravações registram muitos momentos musicais espontâneos e até cenas que reforçam as lendas em torno do disco.

- Cada lado do álbum duplo de “Paêbirú” tem um conceito: fogo, terra, ar e água. Cada um tem uma sonoridade. Fogo é o lado mais roqueiro, ar são músicas mais etéreas… No lado da água, tem uma parte que faz louvações a Iemanjá. No filme, quando Kátia Mesel canta isso, começa a chover – narra Cristiano, que alimenta mais um tanto a mística ao dedicar o filme ao deus Sumé (parte da mitologia de “Paêbirú”).

Zé Ramalho – que até hoje visita a Pedra e acredita que extraterrestres estão por trás de suas inscrições – não dá depoimento para o filme. Mas autorizou os diretores a usar todas as músicas para contar a história.


- Existe uma rusga entre Zé e Lula, e Zé preferiu não falar sobre o álbum. Mas todos no filme falam dele com muito carinho – nota Cristiano. – Apesar de negar a entrevista, Zé foi muito gente fina, fez um documento liberando a música… Só não queria ter a imagem dele hoje no filme. Ele pergunta por que não falaram do disco quando ele foi lançado (o álbum foi completamente ignorado na época). Aquilo foi muito decepcionante. Além de tudo, Zé Ramalho considera a obra que ele fez solo, posteriormente, muito mais importante. Como o disco tinha um aspecto coletivo, ele ali não tem o peso de ser o portador da mensagem, é só mais uma das vozes.

Mesmo antes da finalização, os diretores já receberam convites para apresentar o filme em festivais.

- Nosso desejo é estrear no “É tudo verdade” – diz Cristiano. – Seria ótimo também ter a exibição na TV, num espaço como o Canal Brasil.

Eles contam com a força da história. E os poderes de Sumé.

Outros olhos voltados para Zé Ramalho
Além do documentário sobre Paêbirú (1975), há outros olhos voltados para a história do autor de “Admirável Gado Novo”. O diretor Elinaldo Rodrigues filmou “Zé Ramalho – O Herdeiro De Avôhai“, lançado em DVD e exibido em festivais no ano passado, e a jornalista Christina Fuscaldo prepara uma biografia sobre o músico.


O filme tem como guia um depoimento de Zé Ramalho, que é cruzado com entrevistas dadas por amigos seus da época em que ele tocava em conjuntos de bailes, colegas da infância, produtores e músicos como Elba Ramalho, Alceu Valença e Geraldo Azevedo.

- Vejo Zé como símbolo do povo nordestino, que encontra na arte seus instrumentos mais poderosos. Ele superou todos os desafios, como artista e como pessoa. Houve a pobreza no início, o desejo da família que queria que ele fosse médico, e mesmo assim ele largou o curso em busca de seu sonho. Depois foram inúmeros outros até lançar um disco, vieram a dependência química, o desinteresse das gravadoras mesmo depois de todo o sucesso… – diz o diretor.

Uma trajetória que Christina pretende detalhar em sua biografia, atualmente em fase de coleta de depoimentos e pesquisa. Ela tem a carta branca do compositor, que entregou em suas mãos todo o seu arquivo pessoal. A autora destaca – assim como Elinaldo e Cristiano – a força do mito de Zé Ramalho e o tamanho de seu público espalhado pelo Brasil, mas tem dificuldades para encontrar uma editora interessada.

- Um editor chegou a me dizer que Zé Ramalho venderia apenas dois livros – conta. – Sua vida é riquíssima, única, assim como seu caminho na MPB.

Veja logo abaixo o trailer do documentário:
Fonte
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