sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A Divina Comédia de Dante Alighieri

A Divina Comédia de Dante Alighieri

Uma viajem pelo inferno e o purgatório pela visão de Dante Alighieri.

Desde os 10 anos eu pegava na biblioteca da minha avó o livro de Dante  Alighieri para olhar os incríveis desenhos de Gustavo Dorê. Como adorava rock, os demônios e as ilustrações das penas capitais chamavam mais a minha atenção. Não que o inferno seja mais interessante, os anjos eram legais também, mas os raios, o fogo e os tridentes combinavam mais com rock pesado (rss). Estou colocandoDante aqui todas as ilustrações com o seu texto original, traduzido por José Pedro Xavier Pinheiro para editora Calçadense, em 1956. Chamo a atenção para os desenhos a traço em xilogravura de Gustavo Dorê. A luz e a sombra de seus desenhos são inacreditáveis. A esta matéria, no futuro, será acrescentado a história e a vida destes dois artistas impressionantes. Vou colocar aqui todos os textos de narração, e os 139 desenhos  em sua ordem original. No futuro colocarei todo poema épico.
Vou postar todos os desenhos na ordem do livro que retrata a passagem de Virgílio pelo Inferno, Purgatório e o Paraíso. Esta é uma matéria dedicada à lembrança da minha avó Morella Viola Netto de Freitas, que amava pintura, desenho e especialmente este livro. Quando eu fazia algo errado, ou tirava notas baixas ela  citava na mesma hora: ” Ai de vós ó condenados, deixai aqui toda esperança” . 
Acompanhe Dante e Virgílio em sua trajetória e boa viajem.
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A exploração de Dante do mundo espiritual mostrado em um exemplar da Divina Comédia: ao lado da entrada para o inferno, os sete terraços do Monte Purgatório e a cidade de Florença, com as esferas do Céu acima. Afresco de Michelino.

A Divina Comedia de Dante Alighieri

O poema chama-se “Comédia” não por ser engraçado mas porque termina bem (no Paraíso). Era esse o sentido original da palavra Comédia, em contraste com a Tragédia, que terminava, em princípio, mal para os personagens. Não há registro da data exata em que foi escrita, mas as opiniões mais reconhecidas asseguram que o Inferno pode ter sido composto entre 1304 e 1307-1308, o Purgatório de 1307-1308 a 1313-1314 e por último o Paraíso de 1313-1314 a 1321 (esta última data fecha com a morte de Dante). Dante escreveu a “Comédia” no seu dialeto local, ao criar um poema de estrutura épica e com propósitos filosóficos, Dante demonstrava que a língua toscana (muito aproximada do que hoje é conhecido como língua italiana, ou língua vulgar, em oposição ao latim, que se considerava como a língua apropriada para discursos mais sérios) era adequada para o mais elevado tipo de expressão, ao mesmo tempo que estabelecia o toscano como dialecto padrão para o italiano.

O início da jornada

Dante, perdido numa selva escura, erra nela tôda a noite. Saindo ao amanhecer, começa a subir por uma colina, quando lhe atravessam a passagem uma pantera, um leão e uma lôba, que o repelem para a selva. Aparece-lhe então a imagem de Virgílio, que o reanima e se oferece a tirá-lo de lá, fazendo-o passar pelo Inferno e pelo Purgatório. Beatriz, depois,o guiará ao Paraiso. Dante o segue.
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De nossa vida em meio da jornada, achei-me numa selva tenebrosa.
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Não se afastava de ante mim a fera....
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Que me investisse então cuido inquieto; Com fome e raiva atroz fronte levanta; Tremer parece o ar ao seu conspecto.
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Respondeu, do meu pranto condoído; Te convém outra rota de hora avante?
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Move-se o Vate então, após o sigo.

Entre e continue a viagem pelo inferno de Dante:


Depois da invocação as Musas, Dante considerando a sua fraqueza, duvida de aventurar-se na viajem. Dizendo-lhe, porém, Virgílio que era Beatriz quem mandava, e que, havia quem se interessava pela sua salvação, determina-se  seguí-lo e entra com o seu guia no difícil caminho.
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Fóra-se o dia; e o ar se enevoando, Aos animais, que vivem sôbre a terra, As fadigas tolhia;...
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Sou Beatriz, que envia-te ao que digo, De lugar venho a que voltar desejo; Amor conduz-me e faz-me instar contigo.
Chegam os poetas à porta do inferno, na qual estão escritas terríveis palavras. Entram no vestíbulo encontram o caminho, chegam ao Aqueronte, onde está o barqueiro infernal, Caron, que passa as almas dos danados a oura margem, para o suplício. Treme a terra, lampeja uma luz e Dante cai sem sentidos.
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Entre o vestíbulo e o 1 °Círculo, está o rio Aqueronte, no qual se encontra Caronte, o barqueiro que faz a travessia das almas. Porém Dante é muito pesado para fazer a travessia no barco de Caronte, pelo fato de ser vivo. Então Caronte os envia para outro barco. É através deste barco que Virgílio e Dante atravessam o rio. Um grito ecoa a sua frente...
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Deixai, ó vós que entrar, toda esperança. Eis a nós em barca se acercando. De cás coberto um velho, "Ó condenados, Ai de vós! " alto grita levantando.
Dante é despertado por um trovão e acha-se na orla do primeiro círculo. Entra depois no Limbo, onde estão os que não foram batizados, crianças e adultos. Mais adiante num recinto luminoso, vê os sábios da antigüidade, que, embora não cristãos, viveram virtuosamente. Os dois poetas descem depois ao segundo círculo.
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Assim que Adam a prole pervertida. Da praia um após o outro se enviavam.
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A pena é desesperança, desejos, que pra sempre se frustraram.
No recinto luminoso estão: Homero, príncipe da poesia épica. Electra, mãe de Dardano, fundador de Tróia. Enéias, principe Troiano. Heitor, filho de Priano, rei de Tróia. Pentesiléia, rainha das amazonas.
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O limbo é o local onde as almas que não puderam escolher a Cristo, mas escolheram a virtude, vivem a vida que imaginaram ter após a morte. Não têm a esperança de ir ao céu pois não tiveram fé em Cristo. Aqui também ficam os não batizados e aqueles que nasceram antes de Cristo, como Virgílio. Na mitologia clássica, o Limbo não fica no inferno, mas suspenso entre o céu e o mundo dos mortos. A bela escola assim vi reunida. Do mestre Agrério do sublime canto. Águia em seu vôo além dos mais erguida.
No ingresso do segundo círculo está Minos, que julga as almas e designa-lhes a pena. No repleno dêsse círculo estão os luxuriosos, que são continua lente arrebatados e atormentados por um horrível turbilhão. Aqui Dante encontra Francisca de Rimini, que lhe narra a história do seu amor infeliz.
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Lá estava Minos e feroz rangia....
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No segundo círculo começa o Inferno propriamente dito. Nesse círculo ficam os luxuriosos que sofrem com uma tempestade de vento. Lá ele encontra Francesca de Rimini e seu amante, que é o seu cunhado.Da tormenta o furor, nunca abatido, perpétuamente as almas torce, agita.
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Lá ele encontra Francesca de Rimini e seu amante, que é o seu cunhado. Dois, que ali vêm falar muito desejo. Ao vento ser parece tão ligeiro.
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Amor nos igualou da morte o efeito. A quem no-la causou, Caína esperas.
No terceiro círculo estão os gulosos, cuja pena consiste em ficarem prostrados debaixo de uma forte chuva de granizo, água e neve, e ser dilacerados pelas unhas e dentes de Cérbero. Entre os condenados Dante encontra’ Ciacco, florentino, que fala com Dante acêrca das discórdias da pátria comum.
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Em ler não fomos nesse dia avante.
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E tombei como tomba corpo morto.
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No terceiro círculo os gulosos são flagelados por uma chuva putrefacta e são vigiados pelo mitológico cão de três cabeças, Cérbero. Meu guia, as mãos abrindo, se prepara. Enche-as de terra, e ás guelas devorantes. Lança da fera essa iguaria amara.
Plutão, que está de guarda à entrada do quarto círculo, tenta amedrontar a Dante com palavras irosas. Mas Virgílio o faz calar-se, e conduz o discípulo a ver a pena dos pródigos e dos avarentos, que são condenados a rolar com os peitos grandes pesos e trocarem-se injúrias. Os Poetas discorrem sôbre a Fortuna e, depois, descem ao quinto círculo e vão margeando o Estiges, onde estão mergulhados os irascíveis e os acidiosos.
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No terceiro círculo os gulosos são flagelados por uma chuva putrefactaEm tua pátria responde, que tão plena já é de inveja, que transborda o saco. Existência gozei leda e serena.
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Lhe grita cala-te, o lobo abominoso! Em ti consome êsse furor injusto.
Flegias corre com a sua barca para os dois Poetas serem conduzidos, passando a lagoa, à cidade de Dite. No trajeto encontram a Filipe Argenti, florentino, que discute com Dante. Chegando às portas de Dite, os demônios não o querem deixar entrar. Virgílio, porém, diz a Dante que não lhe falte a coragem, pois vencerão a prova e que não há de estar longe quem os socorra.
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No quarto círculo desfilam os avarentos empurrando pesos enormes. Todo o ouro,que as entranhas conteriam. Da terra, não pudera dar repouso. A um de dos que em fadiga cruciam.
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As almas, filho meu que ora está vendo.
Dante pergunta a Virgílio se havia percorrido outra vez o Inferno. Virgílio responde que já percorreu todo o Inferno e narra como e quando. Na tôrre de Dite se apresentam, no entanto, as três Fúrias e depois Medusa, que ameaçam a Dante. Virgílio, porém, o defende. Chega um anjo do Céu que abre aos Poetas as portas da cidade rebelde.
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O lago foi cortando a antiga proa. Com sulcos mais que antes profundados.
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Para atravessar o pântano eles apanham boleia do demônio Etagias, este os deixa na porta da cidade de Dite. Essa cidade tem muralhas de fogo e está na parte mais funda do Inferno, onde as culpas são muito mais fortes e as punições também.Mas por Virgílio, que o repele presto. Com teus iguais vai, cão, te unir!
Caminhando os Poetas entre as arcadas, onde estão penando as almas dos heresiarcas, Dante manifesta a Virgílio o desejo de ver a gente nelas sepultada e de falar a alguém. Nisto ouve uma voz chamá-lo. É Farinata degli Uberti. Enquanto o Poeta conversa com êle é interrompido por Cavalcante Cavalcanti, que lhe indaga por seu filho Guido. Continua Dante o começado discurso com Farinata, que lhe prediz obscuramente o exílio.
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Não pude o que propôs ouvir.
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Os demônios não querem que Dante nem Virgílio entrem, pois Dante não está morto. Então aparecem as três Fúrias, e com elas aparece a Medusa, que petrifica quem a olhe. Um enviado celeste chega e abre as portas de Dite.

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