sexta-feira, 30 de setembro de 2011

monadas e essência

 
Queridos amigos! Novamente estamos reunidos aqui, neste lugar, para
conversar detidamente sobre as distintas causas que conduzem os
humanóides intelectuais pelo caminho descendente, até as regiões infernais.
Inquestionavelmente, milhões de criaturas involutivas descendentes estão,
nestes instantes, atravessando o Aqueronte, para ingressar no Averno.
Ondas de humanóides, depois de completar o ciclo de existências no mundo
físico tridimensional de Euclides, deixam de tomar humanos corpos, para
submergir no reino mineral.
Certamente, o mal do mundo, por monstruoso que este seja, tem um dique,
um limite definido.
Que seria do universo se não existisse um obstáculo infranqueável para o
mal?
Obviamente, este último se desenvolveria infinitamente, até reinar soberanos
em todas as esferas.
Cabe aqui destacar, com inteira claridade meridiana, a tremenda realidade
das 108 existências que são atribuídas a toda Essência vivente, a todo
princípio anímico divinal.
Vem isto recordar-nos as 108 contas do colar de Buda e as 108 voltas que o
brâmane indostânico faz ao redor da vaca sagrada. É indubitável que com a
última destas finaliza seu rito diário; então introduz a ponta da cauda do
mencionado animal alegórico dentro do vaso de água que vai beber.
Entendido tudo isto, podemos prosseguir. É óbvio que a Divina Mãe
Kundalini, a Serpente Ígnea de Nossos Mágicos Poderes intenta conseguir
nossa auto-realização íntima durante o curso das 108 existências, que a
cada um de nós nos são atribuídas. Ostensivelmente, dentro de tal ciclo de
vidas sucessivas, temos inumeráveis oportunidades para a auto-realização.
Aproveitá-las é o indicado. Desafortunadamente, nós reincidimos no erro
incessantemente e o resultado, ao fim, sói ser o fracasso.
Resulta palmário e evidente que nem todos os seres humanos querem trilhar
a senda que há de conduzi-los à liberação final.
Os distintos mensageiros que vem do alto, profetas, avataras, grandes
apóstolos, quiseram sempre sinalizar-nos, com precisão exata, a pedregosa
senda que conduz à autêntica e legítima felicidade.
Desgraçadamente, as pessoas nada querem com a sabedoria divina.
Encarceraram os mestres, assassinaram os avataras, banharam-se com o
sangue dos justos, odeiam mortalmente tudo o que tenha sabor de divindade.
Não obstante, todos, como Pilatos, lavam as mãos. Crêem-se santos,
supõem que marcham pelo caminho da perfeição.
Não podemos negar o fato contundente e definitivo de que existem milhões
de equivocados sinceros que, muito honradamente, se presumem de
virtuosos e pensam de si mesmos o melhor.
No Tártaro vivem anacoretas de toda espécie, místicos equivocados,
sublimes faquires, sacedortes de muitos cultos, penitentes de toda espécie,
que tudo aceitariam, menos a tremenda verdade de que estão perdidos e que
marcham pelo caminho da maldade.
Com justa razão disse o Grande Kabir Jesus: "De mil que me buscam, um em
encontra; de mil que me encontram, um me segue; de mil que me seguem,
um é meu."
O Bhagavad-Gita diz, textualmente, o seguinte: "Entre milhares de homens,
talvez um intente chegar à perfeição; entre os que intentam, possivelmente
um logra a perfeição; e, entre os perfeitos, quiçá um me conhece
perfeitamente."
Jesus, o Grande Kabir, põe ênfase na dificuldade para entrar no reino: "Mas,
ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Porque cerrais o Reino dos Céus
diante dos homens, pois não entrais vós, nem deixais entrar os que estão
entrando. Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Porque devorais as casas
das viúvas e, como pretexto, fazeis longas orações. Por isto recebereis maior
condenação." Referindo-se o Grande Kabir Jesus a tantos falsos apóstolos
que andam por aí fundando diversas seitas, que jamais conduzirão a
liberação final, diz: "Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Porque
percorreis mar e terra para fazer um prosélito e, uma vez feito, o fazeis duas
vezes mais filho do Inferno que vós."
O grava, distintos amigos, nobres irmãos, respeitáveis damas, é que aqueles
que estão perdidos, os equivocados sinceros, pensam sempre que vão muito
bem.
Como fazer compreender às pessoas que vão mal? Como fazer-lhes
entender que o caminho que conduz ao Abismo está empredado de boas
intenções? De que forma poderia demonstrar às pessoas de Consciência
adormecida que a seita à qual pertencem ou a escola tenebrosa à qual se
afiliaram há de conduzí-los ao Abismo e à morte segunda?
É inquestionável que ninguém pensa de sua seita o pior. Todos estão
convencidos com as palavras dos cegos guias de cegos.
Certamente e em nome da verdade, temos que dizer, com grande franqueza,
que só despertando Consciência poderemos ver o caminho angusto, estreito
e difícil que conduz à luz.
Como poderiam ver a senda aqueles que dormem? Acaso a mente poderia
descobrir a verdade?
Escrito está, com palavras de ouro, no grande livro da vida universal, que a
mente não pode reconhecer o que jamais conheceu.
Credes vós, acaso, que a mente conheceu alguma vez isso que é o real, a
verdade?
É ostensível que o entendimento vai do conhecido ao conhecido, move-se
dentro de um círculo vicioso, e sucede que a verdade é o desconhecido de
instante em instante.
Rogo-vos, queridos irmãos, nobres amigos, distintas damas, que reflitais um
pouco.
A mente pode aceitar ou rechaçar o que queira, crer ou duvidar, etc., etc.,
etc., porém, jamais poderá conhecer o real.
Observai cuidadosamente o que acontece nos distintos rincões do mundo. É
ostensível que por todo lugar circulam os livros sagrados e eles servem de
fundamento a muitos cultos religiosos.
Não obstante, quem entende os conceitos de conteúdo desses livros? Quem
tem plena Consciência do que em cada versículo está escrito? As multidões
só se limitam a crer ou a negar, e isso é tudo.
Como prova disto que estou afirmando, vede quantas seitas se formaram com
os versículos maravilhosos dos quatro evangelhos cristãos.
Se os devotos tivessem plena Consciência do crístico evangelho predicado
pelo Grande Kabir Jesus, é óbvio que não existiriam tantas seitas. Em
verdade, haveria uma só religião crística de tipo cósmico-universal. Não
obstante, os crentes não conseguem pôr-se de acordo, porque têm a
Consciência adormecida. nada sabem, nada lhes consta, nunca observaram
pessoalmente com um anjo, jamais entraram consciente e positivamente nas
regiões celestes. Andam, porque outros andam; comem, porque outros
comem; dizem o que os outros dizem e, assim, marcham, desde o berço até o
sepulcro, com uma venda nos olhos.
Desgraçadamente, o tempo passa com uma rapidez que aterra. Acaba o ciclo
de existências humanas e, por último, convencidos os devotos de que vão
pelo caminho reto, ingressam na morada terrível de Plutão, onde somente se
escuta o pranto e o ranger de dentes.
O descenso das ondas humanas no interior do organismo planetário
realiza-se baixando pelas escalas animal e vegetal, até ingressar
definitivamente no estado mineral, no próprio centro do planeta Terra.
Quero que saibas, quero que compreendais que é no próprio centro deste
planeta onde milhões de humanóides passam por essa morte segunda de
que falara o Apocalipse de São João.
É evidente que a destruição do si mesmo, a aniquilação do ego, a dissolução
do si mesmo nas regiões submersas do Averno é absolutamente
indispensável para a destruição do mal dentro de cada um de nós.
Obviamente, só mediante a morte do ego faz-se possível a liberação final da
Essência. Então esta ressurge, sai à superfície planetária, à luz do Sol, para
reiniciar um novo processo evolutivo dentro da roda dolorosa do Samsara.
O reascenso se verifica sempre atravessando os estados mineral, vegetal e
animal, até reconquistar o estado de humanóide que outrora se perdera.
É claro que, com o reingresso a este estado, novamente nos são atribuídas
outra vez 108 existências que, se não as aproveitamos devidamente, nos
conduzirão pelo caminho descendente de regresso ao Averno. Em todo caso,
queridos irmãos, nobres damas que me escutam, é bom que saibais que a
toda Essência, que a toda Alma, são atribuídas sempre 3.000 destes ciclos de
manifestação cósmica.
Aqueles que fracassam definitivamente, aqueles que não sabem aproveitar as
inumeráveis oportunidades que estes 3.000 períodos nos deparam, nos
conferem, ficarão para sempre excluídos da maestria. Neste último caso,
aquela chispa imortal que todos levamos dentro, a Mônada sublime, recolhe
sua Essência, quer dizer, seus princípios anímicos, absorve-a em si mesma e
submerge, logo, no Espírito Universal da Vida para sempre.
Assim, pois, as Mônadas sem maestria, aquelas que não a lograram ou não a
quiseram definitivamente, ficaram excluídas de toda escala hierárquica.
Aclaro: nem todas as chispas imortais, nem todas as Mônadas sublimes
querem a maestria.
Quando alguma Mônada, quando alguma chispa divinas quer de verdade
alcançar o sublime estado de Mônada Mestre, é indubitável que trabalha
então a sua Essência, despertando, nesta alma, infinitos anelos de
espiritualidade transcedente.
P. Querido Mestre, por tudo o que o senhor acaba de expor, parece ser, se
não me equívoco, que isso é precisamente o que quis dizer o Senhor Krishna,
quando falou da transmigração das almas, e também o Mestre Pitágoras,
quando se referiu à metempsicose. É isto assim?
V.M. – Escuto a palavra do cavalheiro que fez a pergunta e é claro que me
apresso a respondê-la. Amigos, senhoras! Certamente isto que estou
afirmando esta noite tem documentação na Índia e na Grécia. A primeira, com
a maravilhosa doutrina exposta por aquele antigo avatara indostão chamado
Krishna e, na segunda, a doutrina de Pitágoras.
Obviamente, a metempsicose daquele grande filósofo grego e a doutrina da
transmigração das almas, ensinada pelo avatara hindu, são idênticas na
forma e no fundo. Desafortunadamente, as pessoas tergiversam o
ensinamento e, por último, o rechaçam de forma arbitrária.
P. Preclaro Mestre, o que não compreendo é a razão pela qual distintas
figuras reconhecidas como mestres, tais como a senhora H.P.B. e Charles
Leadbeater, assim como Annie Besant, fundadores da Sociedade Teosófica,
e pessoas com faculdades de clarividência, clariaudiência e outros poderes
nunca repararam nos fatos que tanto o Grande Kabir Jesus como Krishna,
Pitágoras e o senhor, Mestre Samael, ensinaram, senão, pelo contrário,
preconizaram, em vastos tratados de grande reconhecimento no mundo das
escolas pseudo-esotéricas, que o homem, inexoravelmente, caminha pela via
ascendente da evolução, até que algum dia, no decorrer dos tempos, chega à
perfeição e a ser uno com o Pai. Pode explicar-nos tal incongruência?
V.M. – Escuto a um senhor que faz uma pergunta muito importante e é
inquestionável que me apresso a responder-lhe da melhor forma.
Certamente, as leis da evolução e da involução trabalham de forma
harmoniosa e coordenada em toda a natureza.
É indubitável que a toda subida lhe sucede uma descida, a todo ascenso, um
descenso. Seria, pois, absurdo supor que a lei da evolução fosse algo
diferente.
Se ascendemos por uma montanha, indubitavelmente chegaremos ao cume,
depois haveremos de descer. Assim é a lei da evolução e de involução, meus
queridos irmãos.
Estas duas grandes leis constituem o eixo mecânico de toda a natureza. Se
qualquer destas duas leis deixasse de funcionar sequer um momento,
paralisariam, de fato, todos os mecanismos naturais. Há evolução no grão
que germina, cresce e se desenvolve; existe involução no vegetal que murcha
e morre.
Sim Há Inferno, Sim Há Diabo, Sim Há Carma - V.M. Samael Aun Weor
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Há evolução na criatura que se desenvolve dentro do ventre materno, na
criança que nasce, no adolescente, no jovem; existe involução naquele que
envelhece e morre.
Os processos evolutivos e involutivos se acham completamente ordenados
dentro desta grande criação.
Desgraçadamente, aqueles que se engarrafaram no dogma da evolução não
são capazes de compreender os infinitos processos destrutivos e decadentes
de tudo o que é, de tudo o que foi e de tudo o que será.
Nem a evolução nem a involução poderão levar-nos jamais à auto-realização
íntima do Ser.
Se nós de verdade queremos liberar-nos, se de forma séria anelamos a
autêntica felicidade, necessitamos, de forma urgente e inadiável, meter-nos
pela senda da Revolução da Consciência.
Não é demais enfatizar a idéia transcedental e transcendente de que não é
possível chegar à grande realidade enquanto giremos incessantemente com a
roda do Samsara.
De que serve, senhores e senhoras, retornar incessantemente a este vale de
lágrimas, evolucionar e involucionar constantemente e baixar uma e outra vez
aos mundos infernos?
É nosso dever despertar Consciência, para ver o caminho que há de
conduzir-nos, com precisão absoluta, à liberação final.
Inquestionavelmente, muitas preclaras inteligências do saber oculto
transmitiram à humanidade, em finais do século passado e princípios do
presente, um ensinamento elementar, simples.
É claro que tais pessoas só se propuseram a ensinar publicamente as
primeiras letras da doutrina secreta. Então, não se detiveram demasiado na
análise das leis evolutivas e involutivas.
Já R. Steiner, em 1912, asseverou que eles, os Iniciados daquela época, só
haviam entregue um ensinamento incipiente, elementar; porém que, mais
tarde, se daria à humanidade uma doutrina esotérica superior, de ordem
transcendental.
Agora nós estamos entregando este tipo de doutrina esotérica superior.
É, pois, indispensável não condenar ou criticar aqueles que no passado
trabalharam de alguma forma pela humanidade. Eles fizeram o que puderam.
Agora devemos nós elucidar e aclarar.
P. Mestre, o senhor dizia que algumas Mônadas têm interesse em
auto-realizar-se e outras não, apesar de que todas emanam do Absoluto. Eu
conceituava que todas tinham o dever de buscar sua auto-realização.
Poderia explicar-me um pouco mais sobre isto?
V.M. – Escuto a palavra de um jovem e com o maior gosto vou responder.
Antes de tudo, amigos, quero que compreendais que o divinal, Deus, o
espírito Universal de Vida, não é ditatorial.
Se isso que é o real, se isso que é a verdade, se isso que não é do tempo
fosse de tipo ditadorial, que sorte poderíamos nós aguardar?
Amigos, Deus respeita a si mesmo, sua própria liberdade. Com isto quero
dizer-lhes que do seio do divinal não existem ditaduras. Toda chispa virginal,
toda Mônada tem plena liberdade para aceitar ou rechaçar a maestria.
Entendido?
P. – Com isto que nos acaba de explicar, Mestre, poderíamos dizer que a
Mônada é responsável de que a Essência vá ao Inferno?
V.M. – Vejo no auditório uma dama que, com toda sinceridade, me fez uma
pergunta e é evidente que alegra responder-lhe. Senhores e senhoras!
Quando uma Mônada divinal quer a maestria, é ostensível que o logra
trabalhando incessantemente a Essência desde dentro, desde o mais
profundo.
Resulta palmário e manifesto que, se a Mônada não está interessada pela
maestria, jamais despertará, na Essência incorporada, nenhuma aspiração
íntima. Obviamente, neste caso, a Essência, desprovida de todo anelo,
enfrascada no ego, embutida entre o mim mesmo, ingressará nos mundos
infernos. Assim, pois, respondo de forma enfática, dizendo: A mônada, sim, é
culpável do fracasso de toda Essência.
Se a Mônada trabalhasse a Essência realmente, profundamente, é
inquestionável que esta última jamais desceria fracassada ao Tártaro.
P. – Mestre, aterra-me pensar que tivesse minha Essência que passar em
um sofrimento durante 108 vidas multiplicadas por 3.000, ou seja, 324.000
existências humanas, para que, ao final das contas, chegue a viver no
Absoluta em forma de uma Mônada fracassada, ou seja, sem
auto-realização. Nestas circunstâncias, bem vale a pena fazer todos os
esforços e sacrifícios possíveis para me auto-realizar, por mais sofrimentos
que isto implique, já que não são absolutamente nada em comparação com o
que a natureza me imporá se escolho o caminho do fracasso. Não o crê o
senhor assim?
V.M. – Distinto senhor, grande amigo! Permita-me dizer-lhe, de forma
enfática, que toda chispa divinal, que toda Mônada pode eleger o caminho.
É indubitável que, no espaço infinito, existem trilhões de Mônadas
absolutamente inocentes, mais além do bem e do mal.
Muitas destas tentaram lograr à maestria. Desafortunadamente fracassaram.
Milhões de outras jamais quiseram a maestria. Agora submergidas no seio do
Espírito Universal de Vida, gozam da autêntica felicidade divina, porque são
centelhas da divindade. Desafortunadamente, não possuem a maestria.
O cavalheiro que faz a pergunta é claro que tem enormes inquietudes; isto se
deve a que sua Mônada interior o anima e o trabalha incessantemente. Seu
dever é, pois, marchar com firmeza pela Senda do Fio da Navalha, até lograr
a auto-realização íntima do Ser.
P. – Mestre, deve-se isto às quais muitas pessoas que se lhes fala dos
ensinamentos gnósticos, apesar de que captam perfeitamente o que lhes
explicamos, não se decidem a seguir o caminho da Revolução da
Consciência? Quer dizer que sua Mônada não as trabalha para que sigam
pelo caminho da auto-realização?
V.M. – Ao jovem que faz a pergunta, vou responder-lhe. Necessitamos de
reflexão profunda para enfocar esta questão de diversos ângulos. Acontece
que a muitas Mônadas agrada marchar lentamente, com o risco de que suas
Essências fracassem em cada ciclo de humanas existências; outras preferem
trabalhar suas Essências de forma intermitente, de quando em quando; e, por
último, temos Mônadas que definitivamente não trabalham sua Essência
jamais.
É, pois, este o motivo pelo qual nem todas as pessoas que escutam o
ensinamento o aceitam realmente. Não obstante, é conveniente saber que
alguém que, por exemplo, na presente existência, não aceitasse o evangelho
da nova Era de Aquário poderia aceitá-lo em vidas subseqüentes, sempre e
quando não tenha chegado ainda às 108.
P. – Mestre, estas Mônadas que jamais estão interessadas por trabalhar a
sua Essência pertencem nada mais que ao planeta Terra ou também existem
em outros planetas?
V.M. – Jovem amigo! Recordai a lei das analogias filosóficas, a lei das
correspondências e da numerologia; tal como é acima, é abaixo.
A Terra não é o único planeta habitado do espaço estrelado. A pluralidade
dos mundos habitados é uma tremenda realidade. Isto nos convida a
compreender que as Mônadas de outros planetas também gozam de plena
liberdade para aceitar ou rechaçar a maestria.
Personalidade, Essência, é diferente. Com isto quero dizer, de forma enfática,
o seguinte: Nem todas as humanas personalidades existentes nos outros
mundos habitados do espaço infinito caíram tão baixo como nós, os
habitantes da Terra.
Amigos! Nas diversas esferas do infinito existem humanidades planetárias
maravilhosas que marcham de acordo com as grandes leis cósmicas. Porém,
repito, nem todas as Mônadas querem a maestria.
Infernos existem em todos os mundos, em todas as galáxias; mas nem todos
os infernos planetários estão habitados.
O Sol, por exemplo, é um astro maravilhoso que, com sua luz, ilumina a todos
os planetas do sistema solar de Ors. Resulta interessante saber que os
mundos infernos do astro-rei estão completamente limpos. Obviamente,
neste brilhante sol não é possível encontrar fracassos cósmicos; nenhum de
seus habitantes marcha na involução submersa. As criaturas que vivem no
astro-rei são completamente divinas, espíritos solares.
É conveniente não esquecer que qualquer unidade cósmica que surge à vida
possui, inevitavelmente, um reino mineral submerso nas infradimensões
naturais.
Existem mundos cujo reino mineral submerso está densamente povoado;
entre eles, nosso planeta Terra. Isto indica, assinala o fracasso de muitas
Mônadas.
Necessitamos, não obstante, aprofundar um pouco mais nesta questão e
entender, com plena caridade, que o descenso de qualquer Essência à
morada horripilante de Plutão nem sempre significa fracasso definitivo.
É ostensível que o fracasso final só é para as Essência, para as Mônadas que
não lograram a auto-realização íntima em 3.000 ciclos ou períodos de
existências. Melhor diríamos, em 3.000 voltas da roda do Samsara; pois, ao
chegar à última destas, como já disse tantas vezes, as portas se fecham.
Canto III
A porta do Inferno - Vestíbulo
Rio Aqueronte - Caronte


POR MIM SE VAI À CIDADE DOLENTE,
POR MIM SE VAI À ETERNA DOR ,
POR MIM SE VAI À PERDIDA GENTE.
JUSTIÇA MOVEU O MEU ALTO CRIADOR,
QUE ME FEZ COM O DIVINO PODER,
O SABER SUPREMO E O PRIMEIRO AMOR.
ANTES DE MIM COISA ALGUMA FOI CRIADA
EXCETO COISAS ETERNAS, E ETERNA EU DURO.
DEIXAI TODA ESPERANÇA, VÓS QUE ENTRAIS!
Estas palavras estavam escritas em tom escuro, no alto de um portal. Eu, assustado, confidenciei ao meu guia:
- Mestre, estas palavras são muito duras.


- Não tenhas medo - respondeu Virgílio, experiente - mas não sejas fraco! Aqui chegamos ao lugar, do qual antes te falei, onde encontraríamos as almas sofredoras que já perderam seu livre poder de arbítrio. Não temas, pois tu não és uma delas, tu ainda vives.
Em seguida, Virgílio segurou minha mão, sorriu para me dar confiança, e me guiou na direção daquele sinistro portal.
Logo que entrei ouvi gritos terríveis, suspiros e prantos que ecoavam pela escuridão sem estrelas. Os lamentos eram tão intensos que não me contive e chorei. Gritos de mágoa, brigas, queixas iradas em diversas línguas formavam um tumulto que tinha o som de uma ventania. Eu, com a cabeça já tomada de horror, perguntei:
- Mestre, quem são essas pessoas que sofrem tanto?
- Este é o destino daquelas almas que não procuraram fazer o bem divino, mas também não buscaram fazer o mal. - me respondeu o mestre. - Se misturam com aquele coro de anjos que não foram nem fiéis nem infiéis ao seu Deus. Tanto o céu quanto o inferno os rejeita.
- Mestre - continuei -, a que pena tão terrível estão esses coitados submetidos para que lamentem tanto?
- Te direi em poucas palavras. Estes espíritos não têm esperança de morte nem de salvação. O mundo não se lembrará deles, a misericórdia e a justiça os ignoram. Deixe-os. Só olha, e passa.
E então olhei e vi que as almas formavam uma grande multidão, correndo atrás de uma bandeira que nunca parava. Estavam todas nuas, expostas a picadas de enxames de vespas que as feriam em todo o corpo. O sangue escorria, junto com as lágrimas até os pés, onde vermes doentes ainda os roíam.
Quando olhei além dessa turba, vi uma outra grande multidão que esperava às margens de um grande rio.
- Quem são aqueles? - perguntei ao mestre.
- Tu saberás no seu devido tempo, quando tivermos chegado à orla triste do Aqueronte. - respondeu, secamente.
Temendo ter feito perguntas demais, fiquei calado até chegarmos às margens daquele rio de águas pantanosas e cinzentas.
Chegava um barco dirigido por um velho pálido, branco e de pêlos antigos. Ele gritava:
- Almas ruins, vim vos buscar para o castigo eterno! Abandonai toda a esperança de ver o céu outra vez, pois vou levar-vos às trevas eternas, ao fogo e ao gelo!
Quando ele me viu, gritou:
- E tu, alma vivente, te afasta desse meio pois aqui só vem morto! - Vendo que eu não me mexia, mais calmo, falou - Tu deves seguir para outro porto, onde um outro barco, maior, te dará transporte. 

- Caronte, te irritas em vão! - intercedeu o mestre - Lá, onde se pode o que se quer, isto se quer, e não peças mais nada!
Caronte então se calou, mas pude ver que seus olhos vermelhos ainda ardiam de raiva. As almas, chorando amargamente, se amontoavam na orla e Caronte as embarcava, uma a uma, batendo nelas com o remo quando alguma hesitava. Depois seguiam, quebrando as ondas sujas rio Aqueronte, e antes de chegarem à outra margem, uma nova multidão já se formava deste lado. 

Enquanto Virgílio me falava sobre as almas que atravessavam o rio, houve um grande terremoto, seguido por uma ventania que inundou o céu com um clarão avermelhado. O susto foi tão intenso que eu desmaiei e caí num sono profundo.

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